Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de fevereiro de 2024
Gabriel Costa, filho de Gal Costa, acionou a Justiça de São Paulo para requerer a nulidade de um documento assinado por ele mesmo no qual dizia que Wilma Petrillo, viúva da cantora, vivia com Gal como se elas fossem casadas. Na manifestação, que agora questiona, Gabriel disse também que considerava Wilma como mãe.
A declaração foi determinante para que o Judiciário reconhecesse que Wilma mantinha união estável com Gal, o que a colocou também na posição de herdeira.
No entanto, segundo Gabriel, ele apenas escreveu e assinou a carta porque teria sido coagido por Wilma. Ele disse, ainda, que temia por sua segurança física e psicológica em razão de, à época, morar na mesma casa que a viúva.
O herdeiro diz que as coações começaram a partir da morte de Gal, em novembro de 2022. De acordo com Gabriel:
* Ele foi “submetido por Wilma a ingerir medicamentos de receita controlada, tendo ingressado em estado de tamanho abalo psicológico que teve sua capacidade cognitiva severamente reduzida”;
* Wilma lhe fazia ameaças “dizendo que deveria a ela se submeter”, alegando que a Justiça teria deferido a guarda dele a ela até os 21 anos;
* A viúva teria tentado convencer Gabriel a assinar “um documento de confissão de dívida e que possuía direito sobre 75% dos bens [de Gal] e que, por mera liberalidade, decidiu dividir os bens em 50% para ela e 50% para o herdeiro”;
* Wilma teria dito: “Se você não assinar [a declaração], a gente não recebe o dinheiro e a gente vai passar fome, você não pode fazer isso comigo, não, Gabriel”.
Gabriel aponta, ainda, que, desde a infância, não presenciou indicativos de que sua mãe e Wilma se relacionavam como casadas, embora não descarte a possibilidade de que ambas teriam se relacionado amorosamente antes de sua adoção.
Ele diz que considera Wilma sua madrinha e que nutre por ela “grande estima e consideração, apesar de ter consciência da manipulação psicológica e da coação exercida durante os eventos ocorridos”.
O juiz da 12ª Vara da Família e Sucessões da capital, no entanto, apontou que Gabriel deve ingressar com ação própria e não reconheceu pedido algum proposto no âmbito da ação de inventário.
Wilma solicitou abertura de inventário e reconhecimento de união estável pós-morte em janeiro de 2023, dois meses depois da morte de Gal. Ela diz que ambas conviveram por cerca de 20 anos.
Pedido da Justiça
Em 2023, quando Gabriel completou 18 anos, a Justiça de São Paulo o chamou para que reconhecesse, ou não, a união estável entre a cantora e Wilma. À época, a Defensoria Pública se manifestou contrária à confirmação do relacionamento.
* A Justiça pediu para que a Defensoria Pública de São Paulo atuasse a fim de garantir os direitos de Gabriel, com 17 anos à época;
* Wilma fez um novo pedido para a Justiça reconhecer a união estável, mas o juiz afirmou que seria necessário um posicionamento da Defensoria;
* Em junho, a Defensoria Pública mostrou-se contrária ao pedido porque Wilma não teria apresentado “suficiente documentação comprobatória da alegada união estável”;
No início de julho de 2023, Wilma reiterou os pedidos e disse que Gabriel, em outro processo, declarou de forma expressa que, desde pequeno, convive em harmonia com ela como se fosse sua mãe.
Após o pedido da Justiça, em agosto de 2023, Gabriel escreveu a declaração citada no início desta reportagem. Em setembro daquele ano, o juiz, então, reconheceu a união estável.
Morte
A cantora Gal Costa morreu aos 77 anos, em 9 novembro de 2022, em decorrência de um infarto agudo no miocárdio, de acordo com certidão de óbito obtida pelo g1. O documento descreve ainda como causa da morte uma neoplasia maligna [câncer] de cabeça e pescoço.
A causa da morte de Gal não foi divulgada na época.
Pouco antes da morte, Gal havia dado uma pausa em shows, após passar por uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita. A cantora morreu em sua casa no Jardim Europa, área nobre de São Paulo, às 6h40.