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Por Redação O Sul | 25 de fevereiro de 2024
Um satélite europeu que pesa 2,3 toneladas reentrou de forma não controlada na atmosfera da Terra na última quarta-feira (21), e caiu sobre o Oceano Pacífico, entre o Alasca e Havaí, nos Estados Unidos. O ERS-2 foi lançado há quase 30 anos como o mais sofisticado objeto de observação da Terra.
A expectativa da Agência Espacial Europeia de que ele se desintegraria quase completamente durante a reentrada, a 80 km acima da superfície da Terra, se cumpriu. “Não foi possível controlar o ERS-2 em nenhum momento durante a sua reentrada e a única força que impulsionou a sua descida foi o arrasto atmosférico imprevisível”, diz o comunicado.
A entrada não controlada acontece porque o ERS-2 consumiu o que restava de seu combustível em 2011 para minimizar o risco de uma explosão catastrófica que poderia ter gerado uma grande quantidade de detritos espaciais. Desde então, suas baterias já estavam descarregadas e sua antena de comunicação e componentes eletrônicos de bordo desligados. Ou seja, não havia mais como controlar ativamente o movimento do satélite a partir do solo durante sua descida.
A imprevisibilidade das reentradas naturais se deve pela capacidade limitada de prever a densidade das camadas da atmosfera terrestre. São elas que vão produzir o arrasto responsável pelo decaimento da órbita do satélite – quanto mais densas elas são, mais arrasto geram e mais rápido o decaimento da órbita do satélite.
No entanto, as previsões de densidade dependem do modelo atmosférico usado e da atividade solar imprevisível. Outros aspectos que afetam a velocidade do decaimento orbital, tais como a direção para a qual o satélite está virado e, portanto, que área de superfície está exposta à atmosfera, não podem ser determinados simplesmente monitorando a trajetória do satélite.
O ERS-2 foi lançado em 21 de abril de 1995. Na época, era a espaçonave de observação da Terra mais sofisticada já desenvolvida e lançada pela Europa. Juntamente com o quase idêntico ERS-1, recolheu dados valiosos sobre as superfícies terrestres, oceanos e calotas polares da Terra e foi chamado para monitorar desastres naturais, como inundações graves ou terramotos em partes remotas do mundo.
Segundo a Agência Espacial Europeia, o risco anual de um ser humano ser ferido por detritos espaciais é muito baixo. Para efeito de comparação, é 1,5 milhão de vezes menor que o risco de morrer em um acidente doméstico; 65 mil vezes menor que o risco de ser atingido por um raio; e três vezes menor que o risco de ser atingido por um meteorito.