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Rio Grande do Sul Universidade Federal de Santa Maria sedia encontro inédito de monitoramento da camada de ozônio e radiação solar

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Evento prossegue até esta sexta-feira. (Foto: Damaris Pinheiro)

Até esta sexta-feira (8), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na Região Central do Estado, hospeda 1ª Campanha Ibero-Americana de Calibração e Intercomparação de Instrumentos para Medição de Ozônio Total e Radiação Solar Ultravioleta, Trata-se de uma ação em parceria com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e Agência de Meteorologia (Aemet).

O encontro começou no dia 19 de fevereiro e conta com a participação de aproximadamente 35 pessoas, incluindo alunos do curso de Meteorologia da instituição, professores e pesquisadores nacionais e da Argentina, Chile, Equador, Bolívia, Espanha, Portugal, Itália, Suíça e Alemanha.

A coordenação dos trabalhos é da professora da UFSM Damaris Kirsch Pinheiro, representante brasileira junto à Unep (órgão da ONU voltado aoo meio ambiente e desenvolvimento sustentável) nas reuniões de pesquisa de ozônio.

O espectrofotômetro Brewer, utilizado para aferição dos níveis de radiação ultravioleta e de ozônio na atmosfera, foi desenvolvido entre as décadas de 1970 e 1980, e necessita de calibrações frequentes. É justamente a forma correta de realizar esses ajustes que está sendo ensinada durante o evento, com divisão em três etapas: reparo e manutenção, formação prática e teórica sobre como realizar a calibração e, por fim, a calibração dos equipamentos.

No momento, a sede do Inpe na UFSM conta com dez equipamentos (nove espectrômetros e um calibrador), trazidos pelos grupos de países vizinhos. Todos eles estão conectados à rede europeia de Brewers, a Eubrewnet. Um dos destaques desta campanha é justamente a integração dos resultados à rede, iniciativa que permite o monitoramento em tempo real da camada de ozônio e dos níveis de radiação ultravioleta em todo o mundo.

Damaris destaca que anteriormente os instrumentos eram calibrados de forma individual, o que gera um custo cerca de três vezes maior do que a calibração em conjunto. Outra vantagem são as três semanas para o ajuste de equipamentos, que normalmente é realizado em poucos dias. Isso deve melhorar também a precisão dos dados coletados, já que todos os equipamentos precisam estar ajustados de forma idêntica ao calibrador.

Espectrofotômetro

Os dados obtidos pelos espectrofotômetros são de grande importância para o cotidiano e saúde pública da população, em especial a de países abaixo da Linha do Equador, que está sujeita a níveis mais altos de radiação ultravioleta. Como a alternativa de não sair de casa é inviável, é preciso investir na prevenção.

“A Organização Meteorológica Mundial recomenda que não se saia de casa em caso de radiação extrema, e a nossa região possui nível alto ou extremo seis meses ao ano”, destaca a pesquisadora. “Com o nível de radiação, é possível saber a proteção necessária, um protetor solar, roupa de manga, cobertura total e também o tempo de exposição ao sol, que pode ser 10 minutos, nulo ou até por horas, como em alguns dias do inverno.”

Francisco Raimundo da Silva, que conduz experimentos com ozônio desde 1979 e atua como pesquisador do Inpe de Natal, detalha que o tom da pele é outro elemento a ser considerado ao se falar sobre exposição à radiação solar. Independente da tonalidade, os raios ultravioletas causam danos, mas em peles mais claras, o tempo de exposição segura é menor, enquanto em peles mais escuras o período é maior.

Outro dado que pode ser obtido pelo Brewer é a concentração de ozônio na atmosfera, que impacta diretamente na intensidade da radiação, já que atua como escudo contra os raios solares. Na década de 1980, foi constatado que a camada diminuía gradualmente por conta da alta emissão de clorofluorcarbonetos (CFCs), gases utilizados como líquidos de refrigeração.

Por meio do protocolo de Montreal, que entrou em vigor a partir de 1989, foi estabelecida uma redução gradual da emissão de CFCs até sua eliminação total, prevista para 2040. O tratado internacional conseguiu reverter a degradação da camada de ozônio, que já está recuperada em alguns lugares, como no Equador. Mas é preciso continuar o monitoramento para saber se ela retornará aos níveis anteriores aos da década de 80 no Brasil e no mundo.

Para a realização do projeto, requerido pelo Ministério da Agricultura e da Pesca (Mapa), foi preciso captar recursos internacionais da Organização Meteorológica Mundial, do Fundo da Convenção de Viena e do Fundo Canadense de Brewers. Os espectrofotômetros brasileiros que não são do Inpe de Santa Maria irão retornar para a sede do Instituto em São José dos Campos, para as unidades de Natal e Cachoeira Paulista e para a Estação Comandante Ferraz, a base brasileira na Antártica.

(Marcello Campos)

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