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Colunistas Lembranças que ficaram (13): Caí sentado, a águia olhou, “riu” e voou. Quase matei o Décio

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O meu querido amigo Décio Régis Lucchese Marin, éramos colegas de aula no Colégio Augusto Pestana, em Ijuí, no ano de 1956. O seu pai era granjeiro plantador de soja e tinha lavoura no campo, adiante do Alto da União (uma linda fazenda) próximo à Ijuí, e era granja moderna, toda mecanizada com tratores, arados, plantadeiras e colheitadeiras, vermelhas, lindas e novinhas. Ainda não existia o ”Plantio Direto”. Ainda tinha que lavrar, gradear, adubar e plantar.

Tinha duas temporadas, uma na época de preparar a terra e plantar, e depois do trigo ou da soja estarem maduros, a outra, a de colher. As colheitadeiras vinham desmontadas importadas dentro de enormes caixas de madeira e eram montadas por técnicos ali mesmo na fazenda. Coisa mais linda, imponentes. Grande novidade para nossos olhos de adolescentes , em meados da década de 50.

Num dos tantos fins de semana que para lá fomos, o campo lavrado, mas ainda não gradeado, o solo apenas rasgado, ficavam aqueles enormes sulcos e os gigantes torrões que dificultava caminhar. Eles tinham uma meia-dúzia de espingardas de caça, calibre 12 (um canhão) e numa linda tarde daqueles dias, decidimos caçar perdizes, mas em verdade dispostos a atirar em qualquer coisa que se mexesse. E fomos em 3 – um peão da fazenda, o Décio e eu. O prazer era atirar – se o bicho fosse comível, se comia, se não, ficava por lá mesmo adubando a terra. Era assim e não víamos nada de errado nisso.

Caçar, com a terra remexida, não precisava de cachorro perdigueiro. É a chamada caça “no piu-piu”. Ou seja: a gente vê a perdiz parada, encolhida e quietinha no chão, ou a vê correndo (e como corre) por entre os obstáculos. Faz pontaria e atira. Com uma 12 a pontaria podia ser ‘meia-boca’ pois numa distância de uns 20 metros ela já abre um círculo de uns 60cm de diâmetro.

Estávamos indo na terra lavrada, quando vindo não sei de onde, pousa em cima de um daqueles torrões, a uns 30 metros, um enorme gavião – chamo de gavião, por chamar, mas era grande e altivo como uma águia. Em verdade acho que era mesmo uma águia. Levantei a arma e meio que me equilibrando em cima dum daqueles torrões, mirei e atirei e… caí sentado…Não que não aguentasse o “coice” de uma 12 (já havia dado dezenas e dezenas de tiros com esse calibre) , mas mal apoiado, o ‘coice’ me desequilibrou e me fui ao chão num tombo meio espalhafatoso naquele terreno desmontado. A águia nem “tchú”… ficou olhando e o Décio e peão ‘caíram’ na risada e, se ainda lembram, devem rir até hoje.

Depois, calmamente, a águia me deu uma olhada, se inclinou pra frente e alçou um lindo voo…(imagino que me ‘gozando’).
A caçada acabou por ali mesmo, e voltamos…sem nada…

Decidimos ir para a casa grande, revisar e limpar as armas e dar uma lubrificada. Aí aconteceu… peguei uma delas, desnuquei e vi que os cartuchos estavam ‘emperrados’ talvez por estarem muito tempo no cano. Forcei…forcei e consegui tirar um deles. O outro “se recusou” a se soltar. O Décio estava defronte a lareira selecionando uns cartuchos no ‘aparador’ da lareira a uns 5 metros e a 45° de onde eu estava. Decidi ‘fechar’ e tentar fazer com que o ‘extrator’ deslocasse o cartucho pra fora. Ao dar o ‘tranco’ de fechar e engatar na coronha o cartucho detonou….Meu Deus!!! … aquele estrondo dentro da sala…”Matei o Décio”… Não!!! Graças à Deus, não!!!…Mas espatifei parte de uma das janelas, onde ficou aquele rombo. Mas… fiquei nervoso, agitado… acabou meu fim de semana. Foi culpa minha. Embora acostumado desde criança a lidar com armas, a caçar, a ter cuidado, a respeitar as regras e as leis naturais e as humanas, o acidente aconteceu. Não fiquei traumatizado nem com síndrome nenhuma. Mas redobrei a atenção e os cuidados. A lição valeu pro resto da vida.

Na próxima quarta-feira, em Lembranças que ficaram (14) contarei a história do MORTINHO DO BARREIRO, vitima da Coluna Prestes.

 

(Luiz Carlos Sanfelice é advogado jubilado, auditor e ex-vice-presidente da multinacional MSA). E-mail: lcsanfelice@gmail.com

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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