Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de março de 2024
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump tem uma base entusiasmada e está em vantagem nas pesquisas nos Estados ainda indefinidos. Mas em termos de recursos disponíveis, ele não chega nem perto de seu rival, o presidente Joe Biden.
Os problemas financeiros tornaram-se uma grande vulnerabilidade para o candidato republicano no momento em que ele entra no que se acredita que será a eleição presidencial mais cara da história. Trump acumulou milhões de dólares em honorários advocatícios que precisa pagar e, para piorar, na segunda-feira vence o prazo para que ele deposite uma caução de US$ 454 milhões em um processo judicial.
A diferença entre as contas bancárias dos dois candidatos é gritante. Biden e o Partido Democrata começaram março com US$ 155 milhões, segundo a campanha do presidente. Isso supera em mais de três vezes os US$ 50 milhões que Trump e o Republican National Committee (RNC) tinham à disposição, de acordo com os últimos informes à Comissão Eleitoral Federal. Se isso for somado ao que foi arrecadado pelo super comitê de financiamento de campanha (PAC, na sigla em inglês) que o apoia, o total de que Trump dispõe sobe para US$ 76 milhões, ainda bem abaixo do que Biden tem.
Outros super PACs que sustentaram Trump em eleições passadas e apoiam candidatos republicanos ao Congresso têm US$ 26 milhões disponíveis, pelos últimos informes à Comissão Eleitoral Federal. Em contrapartida, os super PACs aliados de Biden contam com US$ 64 milhões e alguns grupos já se comprometeram a gastar pelo menos US$ 900 milhões para ajudar a reelegê-lo.
A equipe do ex-presidente tem tentado diminuir essa diferença. Segundo fontes familiarizadas com esse esforço, a diretora financeira nacional de Trump, Meredith O’Rourke, ampliou o alcance da campanha para conseguir doações. O objetivo é garantir cheques neste momento, para mostrar que Trump tem um esquema viável de arrecadação para a campanha. Um porta-voz de Trump não respondeu a pedidos de comentários.
Trump tem telefonado pessoalmente para doadores ricos, de acordo com fontes a par desses pedidos. Possíveis doadores foram convidados para jantar no clube Mar-a-Lago do ex-presidente, na Flórida, ou para participar de eventos de arrecadação de recursos em casas particulares. Na Superterça, o principal super PAC de Trump promoveu uma atividade de levantamento de recursos em Mar-a-Lago para doadores de grande poder aquisitivo, como o proprietário do New York Jets, Woody Johnson.
“Eles estão com o pé no acelerador porque ainda têm de recuperar algum terreno”, disse Henry Barbour, membro do RNC, sobre os esforços de arrecadação.
Os aliados e consultores de Trump não têm expectativas de conseguir igualar a prolífica operação para angariar fundos de Biden, segundo fontes familiarizadas com o assunto. Mas os assessores de Trump mostraram-se confiantes de que ele levantaria dinheiro suficiente para competir em novembro. Essa é uma posição familiar para Trump, que ganhou a eleição em 2016 apesar de só ter arrecadado cerca de metade do total de Hillary Clinton e seus aliados.
A marca tóxica de Trump em enclaves costeiros abastados e os quatro processos criminais a que responde dificultam sua arrecadação para a campanha.
Um republicano que têm fortes ligações com Wall Street disse que outros republicanos que conhece procuram fazer suas doações para entidades que não divulgam a identidade de seus contribuintes. Eles não estão dispostos a enfrentar o escrutínio de seus funcionários e dos meios de comunicação a respeito dos últimos comentários incendiários de Trump sobre imigrantes, minorias e aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Doadores também se perguntam se seu dinheiro irá para o custeio de honorários advocatícios. Trump já gastou US$ 64 milhões com advogados e está no rumo de esgotar os recursos que tem usado para pagá-los nos próximos meses. Isso significa que ele terá de recorrer ao RNC – cuja liderança diz que não pagará – ou contar com doadores para ajudá-lo a cobrir os custos.
Em vez disso, muitos doadores de Wall Street têm preferido fazer doações para republicanos que tentam recuperar o controle do Senado, segundo contou uma fonte. Muito poucos gostam de Biden, mas eles continuam reticentes em voltar a dar apoio financeiro a Trump.
Os primeiros dados sobre doações de campanha também mostram que a outrora poderosa máquina arrecadadora de pequenos dólares de Trump pode estar mais fraca. Em 2023, o ex-presidente arrecadou US$ 50,4 milhões de pequenos doadores, cerca de US$ 82 milhões a menos do que em 2019, quando era presidente e não enfrentava oposição nas primárias.
A relativa falta de recursos de campanha de Trump resultou em uma programação de atividades mais enxuta.
Sua equipe acompanha com atenção os gastos e define com muito cuidado quando e onde realizar comícios, às vezes preferindo locais menores. A campanha reduziu os custos dos comícios ao trabalhar sempre com a mesma produtora. A equipe pessoal de Trump tem aproximadamente metade do tamanho que tinha nesta altura de 2020. As informações são da agência de notícias Bloomberg.