Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de março de 2024
Ela foi considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde porque compromete muito a qualidade de vida de milhões de mulheres. É uma das principais causas de infertilidade e provoca cólicas incapacitantes.
Estamos falando da endometriose, doença que atinge até 15% das mulheres em idade reprodutiva. Infelizmente o diagnóstico pode levar até 10 anos para ser fechado porque a cólica, sinal importante da endometriose, ainda é considerada um sintoma “normal” e muitos médicos subestimam a queixa das mulheres.
A cantora Anitta contou em 2022, na rede social Twitter, que foi diagnosticada com endometriose. A doença, que pode ser extremamente incapacitante, provoca cólicas menstruais severas, dores abdominais fora do período menstrual, dores nas relações sexuais e sintomas intestinais e urinários. Ela também pode afetar a fertilidade da mulher.
“É, hoje, a principal causa de dores pélvicas em mulheres, assim como a principal causa de infertilidade feminina – cerca de 40% das mulheres de casais inférteis têm endometriose”, afirma o médico ginecologista Tomyo Arazawa, especialista em endoscopia ginecológica.
A endometriose é uma doença inflamatória crônica que afeta de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Ela acontece quando o tecido da camada interna do útero – que sai na menstruação –começa a crescer fora dele.
A médica ginecologista Carolina Ambrogini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que esse tecido uterino fora do útero funciona como se fosse uma cola em outros órgãos da mulher.
“Ele funciona como se fosse uma cola, gera aderência dos órgãos pélvicos e, toda vez que a mulher menstrua, esses focos de endometriose descamam, virando dor. Pode grudar no intestino, na parede vaginal, na bexiga, e pode gerar infertilidade, porque ele pode obstruir as tubas uterinas. Isso é uma das consequências”, explica.
Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, mais de 30% dos casos de endometriose levam à infertilidade. Com os tratamentos disponíveis hoje, entretanto, é possível que uma mulher com endometriose engravide e leve a gestação até o final ou engravide espontaneamente, de acordo com a associação.
Segundo Julio Cesar Rosa e Silva, ginecologista e presidente da comissão especializada em endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), apesar de ser mais comum em mulheres que ainda menstruam, não existe uma idade para o seu aparecimento.
“Na sua grande maioria, a doença aparece em mulheres na idade reprodutiva, enquanto menstruam. Porém, existem casos de aparecimento da doença mesmo após a menopausa”, esclarece Silva.