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Colunistas Instabilidade chinesa

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O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) superou ligeiramente as expectativas dos economistas. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

As notícias vindas de Pequim estão longe de serem boas. A mais recente indica forte e acentuada queda no investimento direto estrangeiro no país oriental. Este é mais um dos problemas encarados pelo governo Xi Jinping, que tem enfrentado uma sequência de crises internas recentemente e pode colocar em xeque a estratégia do regime diante de suas zonas de influência pelo mundo.

Se em 2023 o mundo assistiu a primeira queda de investimento direto estrangeiro na China em 25 anos, em 2024 este vetor acelerou, mostrando o primeiro índice negativo de IDE do país asiático em duas décadas. O movimento sugere que as empresas podem estar diversificando suas cadeias de fornecimento para reduzir riscos, porém, a suspeita é que este movimento vai além e pode indicar que os investidores estão buscando alternativas à China, inseguros com os rumos tomados pelo governo de Pequim.

Ao mesmo tempo, alguns analistas lembram que tudo isto pode indicar apenas um redirecionamento na repatriação de lucros que habitualmente eram reinvestidos. Pode ser, entretanto, todo o contexto indica algo mais preocupante, uma vez que as saídas líquidas de investimento ocorrem exatamente no momento que Pequim está tentando abrir seu setor industrial para novas captações. A sensação no mercado internacional é que a China não tem conseguido atrair capital externo, uma vez que suas políticas não têm conseguido mitigar os riscos embutidos no país.

Existem tentativas para tentar virar este jogo. O Ministério do Comércio, por exemplo, pediu aos governos locais que eliminassem políticas discriminatórias enfrentadas pelas empresas estrangeiras, numa tentativa de estabilizar a confiança dos investimentos. O resultado, entretanto, foi pífio. Ao mesmo tempo houve a recomendação para que os subsídios para veículos movidos a novas energias não se limitem às marcas nacionais. Outra medida que surtiu um efeito prático muito pequeno. Os investidores estrangeiros na verdade expressaram uma “fadiga de promessas” em meio ao ceticismo em relação aos movimentos do governo de Pequim.

Investir na China tem riscos altos. Além do plano geopolítico, as empresas também recuaram diante do aumento dos custos de produção e obstáculos de regulação. Outro problema tem sido a burocracia sobre empresas estrangeiras devido a preocupação com a segurança nacional. Fatores que prejudicam a percepção do ambiente de negócios, um tipo de confiança muito difícil de restaurar.

A falta de investimento entre as empresas globais na China pode ter efeitos de longo alcance na segunda maior economia do mundo, especialmente quando falamos de seus próprios aportes ao redor do globo, como a Nova Rota da Seda, abandonada em alguns países e redefinida depois de muitos cortes em outros. Além disso, o desequilíbrio de sua economia também afeta a capacidade de compra de commodities. Em ambos os casos a economia brasileira pode sofrer abalos significativos.

A economia chinesa enfrenta período sensível, agravada pela falta de transparência de orçamento, gestão da dívida, instabilidade no mercado financeiro e desaceleração do setor imobiliário, gerando abalo na confiança do setor privado e diminuição do volume de investimento estrangeiro. A ausência de democracia e liberdade geram instabilidade e risco. A China vem aprendendo isso da forma mais difícil.

Márcio Coimbra – cientista político.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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