Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 12 de abril de 2024
"O sangue dos meus filhos não é mais valioso do que o sangue do nosso povo", afirmou Ismail Abdel Salam Haniya
Foto: Reprodução de TVConsiderado um dos principais líderes do Hamas, Ismail Abdel Salam Haniya viveu exilado no Catar nos últimos anos, incluindo os seis meses desde que o grupo atacou Israel e desencadeou um conflito em grande escala na Faixa de Gaza.
Haniya anunciou nesta semana que três dos seus filhos e dois netos foram mortos em um ataque das Forças de Defesa de Israel em Gaza. O Exército israelense afirmou que os três irmãos eram “militares do Hamas” e confirmou que eles foram “eliminados”.
Haniya, também conhecido como Abu Al-Abd, disse à rede de televisão Al Jazeera que recebeu a notícia enquanto visitava palestinos feridos que haviam sido transferidos para a capital do Catar, Doha, para tratamento.
Ele disse que agradeceu a Deus pela “honra que me foi concedida pelo martírio dos meus filhos e netos” e garantiu que isso não afetaria o posicionamento do Hamas nas negociações do grupo com Israel sobre um cessar-fogo em Gaza.
“O inimigo tem ilusões se pensa que atacar os meus filhos, no auge das negociações e antes de enviarmos a resposta, levará o Hamas a mudar seu posicionamento”, disse ele à Al Jazeera.
“O sangue dos meus filhos não é mais valioso do que o sangue do nosso povo”, acrescentou Haniya. Essa não é a primeira vez que a sua família é atingida por Israel. Sabe-se que outro de seus filhos morreu em fevereiro, enquanto seu irmão e sobrinho foram mortos em outubro, seguidos por um neto em novembro.
Haniya, de 62 anos, nasceu em um dos campos de refugiados palestinos. Ele se envolveu na causa palestina desde muito jovem. Em 1989, foi preso por Israel e, após três anos de prisão, exilou-se com vários líderes do Hamas em Marj al-Zuhur, uma “terra de ninguém” na fronteira entre o Líbano e o território palestino da Cisjordânia, em 1992.
Depois desse ano no exílio, ele voltou à Gaza e, em 1997, foi nomeado chefe de gabinete do xeque Ahmed Yassin, líder do Hamas, o que fortaleceu sua posição no movimento islâmico.
Em fevereiro de 2006, o Hamas o nomeou primeiro-ministro da ANP (Autoridade Nacional Palestina), a organização política que governa os territórios palestinos, em um acordo com o Fatah, um grupo político palestino rival do Hamas.
Um ano depois, Haniya foi removido do cargo pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, quando a votação que elegeu o Hamas para o controle de Gaza foi considerada inválida pelo Fatah. Então, as Brigadas al-Qassam (o braço armado do Hamas) assumiram violentamente o controle de Gaza, expulsando o Fatah da região.
O Fatah passou a ter o controle político apenas da Cisjordânia, embora, oficialmente, estivesse no controle da ANP, que teria autoridade sobre todos os territórios palestinos.
No entanto, na prática, Haniya continuou sendo o líder em Gaza, cargo que deixaria em 2014. Anos mais tarde, em 6 de maio de 2017, ele foi eleito chefe político do Hamas, considerada a posição mais alta na estrutura do grupo.
Pouco depois, ele se exilou no Catar, onde o Hamas tem uma espécie de embaixada de onde foram realizadas algumas negociações com Israel em crises anteriores.
O Departamento de Estado dos EUA tem Haniya na sua lista de terroristas procurados. Embora Haniya tenha liderado a organização remotamente nos últimos anos, o controle em Gaza é relegado a Yahya Sinwar, enquanto Mohamed Deif lidera as Brigadas Al Qassam ao lado de Marwan Issa. Também são considerados líderes proeminentes os fundadores do Hamas Khaled Meshaal e Mahmoud Zahar.