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Meio-Ambiente O observatório europeu Copernicus constatou que, de abril de 2023 a março deste ano, transcorreram os 12 meses mais quentes da História

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O Norte do RS será uma das áreas afetadas pela onda de calor. (Foto: Freepik)

Em maio do ano passado, ao fazer estimativas até 2027, a Organização Meteorológica Mundial previu que a temperatura global atingiria níveis recordes no período. Não demorou para a previsão ser confirmada. O observatório europeu Copernicus (C3S) constatou que, de abril de 2023 a março deste ano, transcorreram os 12 meses mais quentes da História. A temperatura de março deste ano foi a mais alta para o mês, o décimo consecutivo com quebra de recorde de calor.

Nos 12 meses anteriores, a temperatura subiu 1,58 °C acima da média verificada na era pré-industrial (1850-1900), ultrapassando o limite de 1,5 °C estabelecido pelo Acordo de Paris para este século como patamar minimamente seguro para evitar eventos catastróficos. Em um dia, pela primeira vez a temperatura global ficou 2 °C acima da base de comparação. E julho de 2023 foi, tudo indica, o mês mais quente em 120 mil anos. Ainda em 2023, a temperatura global ficou o maior número de vezes acima de 1,5 °C além dos patamares do fim do século XIX.

A quebra dessas barreiras chama mais uma vez a atenção para a necessidade de acelerar os cortes nas emissões de gases de efeito estufa – contribuição dada pela espécie humana ao aquecimento global. Como a temperatura oscila, é natural que ela volte a ficar abaixo do limite de 1,5 °C. Ao acompanhar a tendência dos termômetros, porém, a tendência de alta é nítida. “Ver registros como esse mês a mês nos mostra que realmente nosso clima está mudando rapidamente”, afirmou Samantha Burgess , vice-diretora do C3S.

Os efeitos da mudança são sentidos em todos os continentes. Uma seca causou um número nunca visto de incêndios na Amazônia venezuelana. No sul da África, a destruição de plantações afetou de maneira drástica a oferta de alimentos. Nos Estados Unidos, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) registrou, em 2023, 25 eventos extremos associados ao aquecimento global, com prejuízos superiores a US$ 1 bilhão. A frequência de ondas de calor aumentou. Há meio século eram duas por ano, em 2023 foram seis. No Hemisfério Sul, o Brasil experimenta o mesmo fenômeno.

Incêndios florestais no Canadá contaminaram o ar no Meio-Oeste e no Nordeste dos Estados Unidos de forma inédita. Em junho, a fumaça cobriu Nova York, obrigando o uso de máscaras e interrompendo o tráfego aéreo. Na Califórnia, houve 12 inundações causadas por fortes temporais, com deslizamentos e mortes. Um volume inesperado de neve cobriu as montanhas. No Brasil, chuvas torrenciais atingiram do Rio Grande do Sul a estados do Nordeste, passando pela Região Serrana do Rio de Janeiro.

Empresas e governos precisam estar preparados para tais ocorrências. Assim como é vital acelerar os cortes nas emissões de carbono. A dúvida entre os cientistas diante dos sucessivos recordes de temperatura é se há chance de reviravolta ou se a dinâmica de aquecimento entrou em rota de alta irreversível, com consequências dramáticas para as metas do Acordo de Paris.(Opinião/Jornal O Globo)

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