Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de maio de 2015
Uma fraude na concessão de vistos para cidadãos norte-americanos, investigada pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro, gerou desvios que podem variar de 500 mil dólares a 2 milhões de dólares das contas do consulado do Brasil em Nova York (EUA).
Três funcionários contratados nos Estados Unidos pelo Itamaraty – todos brasileiros e não concursados – foram demitidos por envolvimento no esquema. A fraude acontecia devido a uma falha no sistema de concessão de vistos. Hoje, os norte-americanos pagam duas taxas para obter permissão para entrar no Brasil: a de concessão do visto e uma de reciprocidade, para equiparar os valores pagos pelos brasileiros interessados em ir aos EUA.
No sistema, elas têm de ser lançadas separadamente. A falha permite que os funcionários registrem a cobrança de apenas uma delas, mesmo cobrando as duas dos cidadãos norte-americanos. A fraude acontecia principalmente na emissão de vistos tipo 3, solicitados por artistas e atletas. Nesse caso, é cobrada a taxa de 130 dólares para emissão mais 160 dólares de reciprocidade.
Os funcionários registravam o pagamento apenas da primeira cobrança e desviavam o restante do valor pago pelos norte-americanos. Os desvios, que ocorreram durante pelo menos três anos, foram percebidos por um servidor concursado do Itamaraty. A falha no sistema ainda não foi corrigida. O Ministério das Relações Exteriores confirma a investigação e a demissão dos envolvidos. Segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty, órgãos de controle interno realizaram auditoria nas contas do consulado.
Uma sindicância interna foi aberta em março para apurar a fraude e ainda está em andamento. O Itamaraty também formalizou as denúncias às autoridades dos EUA. A investigação veio à tona em um momento delicado para o Minsitério das Relações Exteriores. Na semana passada, os servidores da pasta no exterior paralisaram as atividades por três dias para protestar contra o atraso no pagamento do auxílio-moradia, que chegou a três meses. Foi a primeira greve desde 2012. (Folhapress)