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Carlos Roberto Schwartsmann SOS: urgente avaliação nacional dos egressos da medicina!

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Hoje possuímos mais de 400 faculdades de medicina no País. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Antes do ano 2000, o Brasil possuía menos de 100 faculdades de medicina. Por política ideológica governamental, hoje possuímos mais de 400. A nossa desorganização é tão grande que sequer sabemos o número exato de faculdades funcionando.

É impossível de se encontrar dados realísticos, pois são divergentes no MEC, no Ministério da Saúde e nos conselhos regionais médicos.

Na proporção médico-habitante estamos em 1° lugar.

Somos o país que mais possui médicos no mundo. Em números reais, estamos atrás somente da Índia, que possui 1,4 bilhão de habitantes.

O programa “Mais Médicos”, lançado em 2013, tinha como objetivo suprir a falta de médicos no interior e na periferia das grandes cidades. A partir de então, o Brasil foi inundado por faculdades de medicina.

Não importava nem corpo docente, nem presença de hospital-escola! Muito menos a exigência de microscópio ou cadáver. Esquecemos que o médico não faz saúde isoladamente.

São necessárias adequadas condições de trabalho. Isto é, presença de enfermagem, paramédicos e suporte de exames subsidiários (laboratórios de analises, RX, etc). Como é possível um médico atender no interior do RS, se 50% dos municípios, vergonhosamente, não têm maternidades!

Nos últimos 20 anos, 90% das vagas abertas na medicina foram para o setor privado. Estima-se que o lucro destas instituições será de 30 bilhões de reais por ano. É o milionário mundo dos cursos de medicina!

O investimento é fantasticamente lucrativo, pois o curso é longo (6 anos). As mensalidades são altas e até exorbitantes. A inadimplência é desprezível.

Por este motivo, várias holdings de capital aberto já são donas da maioria das novas faculdades de medicina do país. A “afya” possui 31 faculdades. A mensalidade média é de 11.600 reais. A “yduqs” possui 17 e brevemente vai abrir em Quixada, no Ceará, e Açailandia no Maranhão.

A “amnia” possui 11 faculdades e obteve, por liminar, deferimento para abertura de 12 novos cursos. É uma mina de ouro! E um grande negócio!

Para ingressar numa faculdade pública no Brasil é necessário, no mínimo, obter 800 pontos no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Para ingressar numa particular é necessário apenas ter dinheiro! A vaga está garantida!

Portanto, é urgente avaliar a qualidade dos médicos recém-formados.

A análise dos mesmos certamente denunciará as faculdades com formação deficiente e inadequada.

Com estímulo, mas sem fiscalização do Governo Federal, cabe ao Conselho Federal de Medicina e aos Conselhos Regionais denunciarem este conluio que prejudica ainda mais a combalida saúde do nosso país.

Não podemos mais ficar anestesiados e adormecidos perante este cenário dramático.

São nuvens escuras no horizonte! Como já fizeram os advogados no passado, é urgente um exame nacional dos egressos da medicina.

Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor universitário

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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