Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de maio de 2024
Decidido pelo governo federal devido à impossibilidade de realização das provas pelos gaúchos em um Rio Grande do Sul devastado por enchentes, o adiamento do Concurso Nacional Unificado (CNU) resulta em uma série de impactos ao certame e a seus candidatos. Ainda não foi definida uma nova data para o “Enem dos Concursos”, que seria realizado nesse domingo (5) em 228 cidades brasileiras.
Um dos aspectos a mobilizar os organizadores é o logístico. Já se considera a possibilidade de que as provas impressas sejam mantidas nas cidades para as quais foram enviadas, a fim de evitar novos deslocamentos e vazamentos.
O transporte do material havia sido foi feito via terrestre, pelos Correios. Segundo a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, a ideia do governo agora é centralizar os testes em locais indicados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), embora não seja descartada a hipótese de enviar tudo para um só ponto. As provas já estavam nas capitais, inclusive Porto Alegre, para distribuição às demais cidades.
Não serão abertas novas inscrições nem publicados novos editais para o Concurso Nacional Unificado. Ao todo, são 6.640 vagas para os 2,1 milhões de candidatos inscritos, que se prepararam nos últimos meses para enfrentar uma verdadeira maratona de provas, com duração de seis horas, divididas entre a manhã e a tarde.
Temor de judicialização
O Palácio do Planalto avaliou três cenários: adiar o concurso em todo o Brasil, adotar a estratégia somente para os inscritos do Rio Grande do Sul e realizar as provas para os gaúchos, sem tratamento diferenciado, mesmo em meio a um cenário completamente caótico. Prevaleceu a primeira opção, que acarretará custo adicional de R$ 50 milhões aos cofres federais.
Esther se posicionou a favor do adiamento em todo o País, sob o argumento de que a medida seria a melhor alternativa do pontos-de-vista político e jurídico. Já o titular da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, defendia que o concurso fosse postergado pelo menos aos candidatos do Rio Grande do Sul, mas acabou convencido de que tal solução poderia gerar enxurrada de questionamentos na Justiça.
A questão é que os candidatos gaúchos poderiam se beneficiar ao tomar conhecimento da dinâmica do concurso, do teor da provas. Além disso, eles teriam mais tempo para estudar e sairiam em vantagem.
Outro problema é que uma prova extra exclusiva para os candidatos do Estado devastado poderia gerar comparações sobre a complexidade das questões, o que também teria potencial para ações judiciais. Também pesou a favor do adiamento em âmbito nacional o fato de que o concurso só poderá ser finalizado após sua realização por todos os candidatos.
Repercussão nas redes
Nas redes sociais, as manifestações corroboram o teor controverso da decisão. Houve quem considerou a medida acertada e justa em relação aos gaúchos, que no momento enfrentam sérias dificuldades de deslocamento, habitação, abastecimento e outros tantos problemas em meio à pior tragédia climática já registrada no Rio Grande do Sul.
Não faltou, ainda, quem comemorasse o tempo adicional para preparação, já que o governo federal não marcará uma nova data enquanto os gaúchos não estiveram novamente em condições de participar. Vale lembrar que as cheias no no Estado mais ao Sul do País devem perdurar por várias semanas, sem contar os trabalhos emergenciais de reconstrução.
Outros se mostraram indignados com a remarcação “em cima da hora” (dois dias antes do concurso), com transtornos para quem já havia se deslocado para a cidade onde faria a prova. Em diversas cidades brasileiras, concorrentes desavisados chegaram a comparecer aos locais de prova, sendo surpreendidos pela informação sobre o adiamento.
Dentre as manifestações, a de um jornalista no X (antigo Twitter) resume bem o dilema: “O governo ainda não havia adiado o Enem dos Concursos e foi criticado. Agora que adiou, também é bastante criticado. Muita gente que já tinha a logística montada vai detonar a decisão, mesmo que seja importante devido ao que acontece no RS. É difícil”.
(Marcello Campos)
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