Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de maio de 2024
Após um dia cercado de expectativas em relação a um acordo de cessar-fogo, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, disse ontem que aceitar as exigências do Hamas para encerrar a guerra em Gaza equivaleria a uma “terrível derrota”.
Horas depois, o Exército israelense anunciou o fechamento da passagem Kerem Shalom, que dá acesso à Faixa de Gaza, e por onde entra ajuda humanitária, após um ataque com foguetes. Três soldados israelenses foram mortos e nove pessoas ficaram feridas.
O anúncio, que coincidiu com a aprovação no Parlamento israelense de uma lei que autoriza o fechamento da rede de notícias al-Jazeera, acontece em um momento em que Israel e o Hamas se acusam mutuamente de sabotar as negociações de cessar-fogo e parecem relutantes em relação à proposta sobre a mesa. Ontem, representantes de ambas as partes deixaram claras suas discordâncias, colocando em risco as negociações com mediação internacional no Cairo.
Reunião de emergência
Depois de terem concluído a última rodada de discussões, negociadores do grupo extremista voltaram a Doha ontem. Enquanto isso, o chefe da CIA, Bill Burns, viajou às pressas para a capital do Catar para uma reunião de emergência com o primeiro-ministro do país, enquanto o acordo parece chegar “perto do colapso”, segundo um alto funcionário americano. Hoje, Burns voltará a Israel, onde deve se reunir com Netanyahu.
“A reunião com o ministro egípcio da Inteligência foi concluída e a delegação do Hamas parte para Doha para continuar as consultas”, disse o funcionário, sob condição de anonimato.
De acordo com a imprensa egípcia, a liderança do grupo retornará hoje ao Cairo. Mas o clima não é de otimismo. Após as declarações de Netanyahu, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, acusou Israel de atrapalhar os esforços de mediação para um cessar-fogo. Osama Hamdan, alto funcionário do grupo, afirmou, por sua vez, que Israel “se concentrou exclusivamente nos reféns e não respondeu às exigências apresentadas pelo Hamas”.
Um dia antes, a delegação do Hamas, liderada pelo número dois do braço político do grupo, Khalil al-Hayya, chegou à capital egípcia cercada de expectativa — Israel, no entanto, não enviou representantes para as negociações.
A última proposta de cessar-fogo apresentada pelos mediadores internacionais — que inclui, além do Catar, Egito e Estados Unido — no final de abril ao Hamas prevê uma trégua de 40 dias e a troca de reféns israelenses, detidos em Gaza desde 7 de outubro, por palestinos presos em Israel. O grupo, por sua vez, exige o fim completo e permanente da guerra em Gaza, a retirada total das tropas israelenses do enclave palestino, e a volta dos deslocados pelo conflito às suas casas sem restrições, entre outros pontos.
Em meio à troca de acusações mútuas, Netanyahu voltou a insistir ontem que aceitar as exigências do Hamas para alcançar um acordo para a libertação de reféns equivaleria a uma “terrível derrota”.
Horas depois, durante a cerimônia do Dia em Memória do Holocausto, afirmou mais uma vez que seu governo está “comprometido em pôr fim a esta ameaça contínua”.
Mais cedo, o premier ainda anunciou o encerramento das operações em Israel da al-Jazeera, canal de notícias do Catar. Após aprovação unânime no Parlamento, o ministro das comunicações decretou o fim das transmissões da rede e a apreensão de seus equipamentos. O sinal da TV já deixou de funcionar no país — e todos seus escritórios serão fechados.
A rede, um dos poucos canais internacionais que transmite ao vivo de Gaza, tem sido criticada por parlamentares israelenses por uma suposta agenda anti-Israel. Em nota, a al-Jazeera criticou a decisão, que chamou de “enganosa e caluniosa”.