Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil Gasto federal com prevenção de desastres cai 78,4% em uma década

Compartilhe esta notícia:

Em uma primeira etapa, os trabalhos serão realizados nos 20 bairros mais atingidos pela cheia (Foto: Giulian Serafim/PMPA)

Os gastos federais com prevenção de desastres naturais caíram 78,4%, de um patamar de R$ 6,8 bilhões para R$ 1,47 bilhão, entre 2013 e o ano passado. Os dados são de levantamento da ONG Contas Abertas, especializada em orçamento público.

Os valores investidos pela União para prevenir e corrigir efeitos de eventos catastróficos passam a recuar a partir de 2015, quando se agravam os efeitos da crise econômica no País e se ampliaram as restrições orçamentárias.

Durante toda os quatro anos de gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de 2019 a 2022, o governo federal gastou menos em prevenção e recuperação de desastres naturais do que o montante destinado naquele único ano, 2013.

Até agora, o País não recuperou o mesmo nível de gastos com essas despesas. No primeiro ano da atual gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 2023, esse patamar de recursos subiu quase 7% ante 2022, mas ainda abaixo dos valores de uma década atrás. O Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional da atua gestão também foi questionado, mas ainda não se manifestou.

A sequência de tempestades no Rio Grande do Sul deixou mais de 100 mortos e 128 desaparecidos, na maior tragédia climática da história do Estado. Especialistas apontam que eventos extremos já se tornaram mais frequentes e intensos com o aquecimento global e alertam que isso vai piorar nos próximos anos. Investimentos em prevenção antidesastres ajudam a se preparar para esses fenômenos e minimizar impactos.

De acordo com o último boletim da Defesa Civil gaúcha, são ao menos 1,456 milhão de afetados em 417 municípios (de 497) do Estado. Para ajudar o governo do Estado, o governo considera suspender os pagamentos da dívida gaúcha com a União. O governo federal também deve liberar R$ 500 milhões em “emendas Pix” para o Estado.

Nos quatro anos da gestão Bolsonaro, de 2019 a 2022, o governo federal destinou R$ 6,37 bilhões para este tipo de ação. É menos que o ano de 2013, quando foram aplicados R$ 6,81 bilhões. Aquele ano, ainda sob a gestão de Dilma Rousseff (PT), representou o auge dos investimentos deste tipo desde 2010, quando começa a série histórica levantada pela Contas Abertas.

Desde 2015, os valores começaram a declinar e nunca mais se recuperaram. Todos os números são valores reais, isto é, atualizados pela inflação.

Em 2023, o valor pago para este tipo de investimento foi de R$ 1,47 bilhão, alta de 6,8% em relação a 2022, último ano de Bolsonaro, quando foram R$ 1,37 bilhão. Mesmo assim, é uma fração do que investimento que chegou a ser feito no auge.

No levantamento, a Contas Abertas considerou rubricas relacionadas às pesquisas e à implementação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden); às obras de contenção em encostas em áreas urbanas; e ao apoio a comunidades afetadas por desastres e calamidades.

“Nos últimos 14 anos, foi autorizado nos orçamentos anuais da União um total de R$ 70 bilhões em programas de prevenção e respostas aos desastres, mas somente 65% desses recursos foram efetivamente desembolsados”, diz o fundador e secretário-geral da Contas Abertas, Gil Castello Branco.

“O problema crucial, portanto, não é apenas a falta de recursos. É necessário que a solidariedade entre autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário federais com os governadores e prefeitos não ocorra, apenas, no momento das tragédias”, acrescenta ele.

Uma lei federal prevê desde 2012 a elaboração de um Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil ainda não foi lançado e terá seu documento apresentado apenas no fim do próximo mês. Para especialistas, o planejamento integrado para a prevenção e a resposta a crises é essencial para aumentar nossa resiliência climática.

“É óbvio que a maioria das prefeituras, notadamente as de menor porte, têm dificuldades, técnicas e orçamentárias, para elaborar projetos e planos de trabalho para a contenção de encostas, dragagem dos rios e remoção da população que habita áreas de riscos para locais seguros, dentre outras medidas essenciais. É essencial a integração da União, Estados e Municípios para que os efeitos das tragédias sejam atenuados”, diz Gil.

Para 2024, as rubricas analisadas pela Contas Abertas têm limite autorizado de R$ 2,6 bilhões. No entanto, até 2 de maio, só R$ 1 bilhão foi empenhado (isto é, reservado para pagamento). E R$ 494,8 milhões foram efetivamente pagos.

O Rio Grande do Sul está em terceiro lugar dentre as unidades da federação que mais receberam este tipo de recurso até o momento, com apenas R$ 45,3 milhões já pagos até o dia 2 deste mês – a expectativa é a de que o montante aumente nos próximos dias. Pernambuco (R$ 73 milhões) e Bahia (R$ 50,4 milhões) lideram o ranking.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Saiba como ficam aluguéis e trabalho durante uma emergência climática
Prefeitura de Porto Alegre e entidades recomendam que lojas permaneçam fechadas até sexta-feira nos bairros afetados pela enchente
https://www.osul.com.br/gasto-federal-com-prevencao-de-desastres-cai-784-em-uma-decada/ Gasto federal com prevenção de desastres cai 78,4% em uma década 2024-05-10
Deixe seu comentário
Pode te interessar