Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de maio de 2024
Uma pergunta que tem ecoado nestes dias tão duros, com tantas cenas de destruição causadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, é: o que as cidades podem fazer para evitar este tipo de tragédia? E uma das ideias mais inovadoras nessa área é a criação de cidades-esponja, desenhadas para absorver um grande volume de água.
Em um parque de Nova York (EUA) projetado de acordo com o conceito das cidades-esponja, quando chove e coincide com a alta da maré no estuário, a água pode escoar por canos subterrâneos que desembocam em um grande pântano de 6 mil metros quadrados, cheio de plantas nativas que gostam da água salgada — o fundo é como uma esponja que absorve a água e evita que ela escoe para a cidade.
“Historicamente, esse lugar onde nós estamos era assim. O que nós tentamos fazer e reproduzir o que era antes. Ele se torna uma esponja que convida a água a entrar e a absorve. Essa aqui é uma vala de drenagem natural. Ela recebe a água, tanto que vem do estuário quanto a que vem do cidade, e aqui plantamos espécies que gostam de serem inundadas e não vão morrer”, explica Tom Balsley, um dos arquitetos contratados para construir a nova era de Manhattan.
O chinês Kongjian Yu, hoje um dos maiores arquitetos do mundo, é o pai do conceito. “Eu sou de uma pequena vila que tem um rio. Vivi 17 anos como agricultor, isso me ensinou como trabalhar com a natureza”, conta.
A vila dele fica em uma área de monções, onde chove sem parar no verão. Quando se mudou para cidade grande, Yu entendeu por que elas inundam.
“A natureza se adapta, é viva. O conceito de cidade-esponja é baseado no princípio de que a natureza regula a água”, explica.
Yu é hoje o consultor do governo chinês. Já projetou obras em mais de 70 cidades, que hoje são capazes de receber mais chuva do que caiu agora no Rio Grande do Sul. Ele explica que há três pontos principais em todos os projetos que ele faz.
O primeiro ponto é reter a água assim que ela cai do céu: ele diz que 20% da área de toda fazenda tem que ser reservada para água em sistemas de açudes, para que ela não acabe toda indo pro rio principal. E que tem que haver áreas grandes permeáveis: porosas, não pavimentadas.
O segundo é diminuir a velocidade dos rios – “Quando você desacelera a água, você dá a oportunidade pra natureza absorvê-la. Para desacelerar, você usa a vegetação e cria um sistema de lagos”.
O terceiro ponto é adaptar as cidades para que elas tenham áreas alagáveis, para onde a água possa escorrer sem causar destruição: criar grandes estruturas naturais alagáveis para que a água possa ser contida por um tempo e, depois, rapidamente absorvida pro lençol freático sem invadir as casas.
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