Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de maio de 2024
As inundações que assolam o Estado do Rio Grande do Sul podem tirar até 0,4 ponto porcentual da taxa de crescimento da economia brasileira neste ano, apontam avaliações preliminares de consultorias econômicas e bancos. O relatório Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira, indicou que a mediana das projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 está em 2,09%, número que ainda não inclui os estragos da catástrofe climática.
O Rio Grande do Sul tem papel importante na economia nacional: respondeu por 6,5% do PIB brasileiro em 2021, segundo dados do Sistema de Contas Regionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Estado só é superado por São Paulo, que detém 30,2% do PIB, Rio de Janeiro (10,5%) e Minas Gerais (9,5%).
Em meados de abril, antes do início das chuvas torrenciais no Estado, a Tendências Consultoria Integrada projetava crescimento de 2,9% para o PIB gaúcho neste ano. O resultado seria puxado pelo desempenho positivo da agropecuária, com destaque para a produção de soja, milho e arroz – após dois anos consecutivos de quebras de safras –, e pela recuperação da produção industrial, sobretudo de veículos, metalurgia e alimentos.
No entanto, “esse panorama foi completamente alterado pela catástrofe iniciada no fim do último mês”, apontam os economistas da consultoria, em relatório. Eles ressaltam os impactos negativos diretos das cheias na agropecuária e na indústria. Os economistas da Tendências ainda não se arriscam a projetar o tamanho do estrago no PIB pelo fato de a tragédia ainda estar em curso.
Já o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, calcula que o impacto da tragédia no PIB brasileiro poderá ser de 0,4 ponto neste ano. “É difícil estimar perdas no calor dos acontecimentos, com novo ciclo de chuvas chegando à região”, pondera Vale, em relatório. De acordo com projeções da MB Associados, o PIB do Rio Grande do Sul crescia 3,5% até abril.
Vale reitera que a consultoria projeta crescimento de 2% para o PIB nacional em 2024, mas enxergava a possibilidade de revisão para cima, o que a tragédia do Rio Grande do Sul afastou. “Reforçamos, assim, nosso número de 2%, e diminuímos a chance de números mais próximos de 2,5%, que poderiam ser uma possibilidade”, afirmou em relatório.
Mais cauteloso, o departamento econômico do Bradesco espera recuo de 0,2 a 0,3 ponto porcentual no PIB deste ano por causa das cheias no Sul. Levando em conta que a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul projetava crescimento do PIB gaúcho de 4,7% neste ano e considerando as regiões atingidas, o peso relativo das atividades econômicas e as experiências do passado, como o ciclone de 2008 e a pandemia, os economistas do banco projetam que o PIB do Estado neste ano não irá crescer ante 2023.
De acordo com a análise, o maior impacto na atividade econômica será sentido em maio.
“Em junho, acreditamos que grande parte das atividades estará normalizada, a depender dos danos físicos e do ritmo de reconstrução”, observam os economistas em relatório.
A agropecuária será uma das atividades mais impactadas pelas cheias, na análise do Bradesco. O setor responde por 15% do PIB estadual, o que representa 12,6% do PIB agropecuário brasileiro. Arroz, soja, trigo e carnes são os principais produtos produzidos, apontam os economistas do banco. O Estado respondeu por 12% dos abates de suínos e 9,5% dos abates de frangos em 2023. O maior reflexo deve ser sentido na produção de suínos.
Desdobramentos também devem ocorrer na indústria de transformação, preveem economistas do Bradesco. A indústria de transformação responde por 18% do PIB estadual e passa de 8% da indústria brasileira, com destaque para calçados, móveis, produtos de metal e máquinas e equipamentos.
Nas contas do Banco Santander, o impacto das enchentes deve ser de 0,3 ponto porcentual no crescimento do PIB nacional, estimado até antes das chuvas em 1,8%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.