Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Jorge Amaro de Souza Borges | 16 de maio de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Em meio às devastadoras enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, o papel e protagonismo da sociedade, junto ao espírito coletivo dos voluntários, têm se destacado por sua coragem e dedicação. Da mesma forma, Policiais Militares, Bombeiros, profissionais da saúde, da proteção social, do meio ambiente, da defesa civil e tantos outros servidores públicos estão também na linha de frente, arriscando suas vidas para salvar outras. Eles são os cuidadores da nossa sociedade, aqueles que, em momentos de crise, garantem a segurança e o bem-estar da população. No entanto, o que acontece quando esses cuidadores também são vítimas da tragédia?
Recentemente, o número de mortos em decorrência das enchentes no RS voltou a subir, alcançando a marca de 148 vítimas. Entre os afetados, muitos são os próprios servidores públicos que, apesar de terem perdido tudo, continuam firmes em suas funções. Eles estão sem casa, sem bens, enfrentando dificuldades pessoais imensas, mas não abrem mão de suas responsabilidades profissionais e do seu espírito público. Esse comprometimento, embora louvável, evidencia uma grave lacuna no suporte oferecido pelo Estado a esses profissionais.
É imperativo que o Estado do Rio Grande do Sul e demais esferas governamentais tomem medidas urgentes para garantir o apoio necessário aos servidores públicos afetados pelas enchentes. Não basta apenas reconhecer seu esforço; é preciso proporcionar meios para que possam retomar suas vidas de maneira digna. Isso inclui assistência na reconstrução de suas casas, apoio psicológico, financeiro e, sobretudo, um plano de ação que contemple a proteção e segurança desses profissionais em situações de emergência.
Os servidores públicos são a espinha dorsal do funcionamento estatal em tempos de crise. Sua capacidade de resposta rápida e eficaz pode significar a diferença entre a vida e a morte para muitas pessoas. No entanto, sem o devido apoio, corremos o risco de perder esses profissionais essenciais, não apenas para as enchentes, mas para futuras emergências que possam ocorrer.
Portanto, é necessário que o governo estabeleça políticas públicas específicas para cuidar desses cuidadores. Programas de assistência habitacional, fundos de emergência, suporte psicológico e incentivos financeiros são algumas das medidas que podem ser implementadas para garantir que esses servidores tenham a retaguarda necessária para continuar desempenhando suas funções com excelência.
A reconstrução do Rio Grande do Sul passa, inevitavelmente, pela reconstrução da vida desses profissionais. É uma questão de justiça, de reconhecimento e, acima de tudo, de responsabilidade social. Que possamos, enquanto sociedade, exigir e apoiar ações concretas que garantam a segurança e o bem-estar daqueles que cuidam de nós nos momentos mais difíceis.
As mudanças climáticas estão nos desafiando a repensar as políticas públicas, exigindo uma nova abordagem para atender às demandas emergentes e reformular nossas prioridades. Que o grito de socorro dos cuidadores não seja ignorado. Afinal, quem cuida dos cuidadores? Essa é uma pergunta que todos nós devemos fazer, e para a qual o Estado precisa encontrar respostas rápidas e eficazes.
(Jorge Amaro de Souza Borges)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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