Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de maio de 2024
Depois de 32 horas de viagem e mais de 1,6 mil quilômetros percorridos, Airton da Silva Júnior e a família conseguiram sair do Rio Grande do Sul, que vive a maior tragédia climática já registrada, e encontraram conforto e segurança na casa dos pais, em Juiz de Fora.
Moradores de Porto Alegre, a casa em que vivia Airton, a esposa Evelyn e o filho Cadu de 5 anos, fica perto do Rio Guaíba, que ultrapassou a cota de inundação de três metros e chegou a quase seis.
“Foi coisa de dois minutos, e a água já estava subindo”, contou Evelyn Batista.
Dez minutos depois, a água invadiu a casa da família, que saiu com a roupa do corpo, a criança nos ombros e a cadela na mochila.
“Fomos para o local onde eu estava trabalhando mas essa parte também encheu no ápice da enchente, em alguns pontos não dava pé para um adulto”, relembrou Airton, que trabalha como analista de sistemas.
Enquanto água subia, eles procuraram um local seguro para se abrigarem e foram ajudados por uma amiga, moradora de um local mais alto na capital gaúcha.
Foram seis dias em busca de mantimentos até conseguirem dinheiro para sair do estado rumo a Minas Gerais.
“A gente foi de carona de Porto Alegre até Florianópolis, depois pegamos um ônibus para o Rio de Janeiro e de lá conseguimos vir para Juiz de Fora”, completou Evelyn.
Mesmo em segurança, a família conta que está difícil esquecer tudo que vivenciaram.
“Tem dois dias que chegamos, e eu não consegui beber ou comer direito. É desesperador, eu não desejo para ninguém e talvez eu não consiga esquecer isso nunca”, disse Evelyn.
De Minas, Airton já tenta unir forças para voltar ao Rio Grande do Sul quando a água baixar e reconstruir o lar da família, com a esperança de não vivenciar de novo uma tragédia como esta.
“Graças a Deus o Brasil abraçou o Rio Grande do Sul e vamos dar a volta por cima”, contou o casal, que também busca superar as perdas por meio de doações.
Últimos números
Aumentou para 155 o número de mortes provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, de acordo com balanço divulgado nesse sábado (18) pela Defesa Civil Estadual. Pelo menos 94 pessoas estão desaparecidas e 806 ficaram feridas. Mais de 540 mil encontram-se desalojadas ou desabrigadas.
No total, 461 municípios do Estado registraram danos em razão dos temporais. Conforme o boletim da Defesa Civil, mais de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas pelas cheias que assolam o RS.