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Economia Ministro da Fazenda adota estratégia de Flávio Dino para confrontar bolsonaristas na Câmara dos Deputados

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Equipe advertiu também o ministro Fernando Haddad para a possibilidade de gastos serem considerados irregulares. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou a estratégia do ex-ministro da Justiça para confrontar e ironizar os deputados bolsonaristas em sessão realizada na última quarta-feira (22) na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.

As falas do chefe da equipe econômica viralizaram nas redes, que relembraram os embates entre Dino e o parlamentares da oposição.

Madonna e a terra redonda

Haddad foi acusado de ser um “negacionista da economia” pelo deputado Abílio Brunini (PL-MT). O parlamentar acusou o ministro de negar os números da economia e estar “manso”, enquanto o Brasil não está se desenvolvendo na economia.

“O senhor é um negacionista da economia? Não acredita nos números? O senhor não queria estar no ministério da Fazenda e gostaria de estar no ministério da Fazenda tocando Blackbird? O senhor está fazendo discurso manso, enquanto o Brasil não está desenvolvendo na economia”, disse o deputado.

“O deputado Abílio me acusa de gostar de filme, livro e música. Eu gosto da cultura, eu sei que o bolsonarismo tem dificuldade com as artes. Vocês não gostam. Vocês vão ter que aprender a respeitar um dos maiores patrimônios desse País”, disse Haddad.

“Tipo a Madonna? Tipo o show da Madonna?”, perguntou o parlamentar.

“Deputado, isso não é problema seu, não vai no show da Madonna, quem gosta vai. Essa é a prática do bolsonarismo, não querer ouvir. ‘A vacina, sou contra’. Não quer ouvir. O senhor me chama de negacionista? Eu defendi a vacina o tempo todo. A terra é redonda o tempo todo. Vocês negam que a terra é redonda, vocês negam a vacina, vocês negam que deram o calote em precatório, calote em governador”, disse Haddad.

Exame de DNA no calote

Haddad ainda respondeu às acusações dos deputados Abílio Brunini e Filipe Barros (PL-PR) sobre a continuidade do déficit fiscal no País. O ministro justificou que as contas estão negativas graças ao que chama de “calote” do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ao quitar a dívida de precatórios (indenizações devidas pela União decorrentes de decisões judiciais).

“Só tiveram dois presidentes que deram calote: (Fernando) Collor e (Jair) Bolsonaro. Aí vem o presidente (Lula) e paga o calote. ‘Ah, olha o déficit que o presidente Lula fez’. Esse déficit, deputado, não é nosso. O filho é teu, tem que assumir a paternidade, faz o exame de DNA que vai saber quem deu calote. Eu não quero polarizar com o senhor, não vim para cá para isso, vim para restabelecer a verdade”, disse Haddad.

A gestão Bolsonaro colocou um limite no pagamento dessas dívidas, adiando, na prática, essa despesa. No fim do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o governo Lula a quitar R$ 95 bilhões do estoque represado por meio de crédito extraordinário. A oposição acusa o governo atual de fazer manobra contábil.

Tarcísio

Durante a sessão, o ministro também disse para o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) “parar de lacrar na rede”. O parlamentar defendia a manutenção da isenção para importação de produtos de até U$50. O ministro defendeu que existe um apelo do setor de varejo e que o parlamentar deveria ouvir os empresários.

“Feche a porta para ouvir e parar de lacrar na rede”, disse o ministro.

Haddad ainda disse que o deputado não critica os governadores por terem instituído cobranças de ICMS para os importados.

“Pega o microfone e fala mal do Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo). Coragem, deputado. Fala, deputado”, afirmou o ministro.

Kataguiri afirmou que Haddad foge dos questionamentos sobre o imposto para as compras em sites internacionais.

“De três questionamentos que eu fiz, ele não respondeu, sobre privilégios, elite do funcionalismo público, paternalismo. E que o ministro está fugindo de responder qual é o posicionamento do Ministério da Fazenda da imposição de imposto de importação em 60% para as compras on-line”, disse o deputado.

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