Segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de maio de 2024
O governo vai lançar na próxima semana uma linha de crédito de mais de R$ 10 bilhões para as empresas de maior porte afetadas pelas enchentes do Rio Grande do Sul, com faturamento anual superior a R$ 4,8 milhões. O crédito poderá ser feito para as empresas de todos os setores: indústria, agronegócio e comércio.
As maiores empresas, sobretudo da indústria, vinham reclamando que não tinham sido ainda contempladas até agora e temiam ficar de fora do pacote de socorro do governo federal.
A linha será gerida pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que poderá também repassar os recursos para todos os bancos ofertarem o crédito diretamente às empresas gaúchas.
Com o funding do governo federal, os empréstimos terão taxas mais baratas, mas não haverá garantia da União como foi feito para as empresas menores por meio de fundos garantidores.
Para a nova linha de crédito, o Ministério da Fazenda identificou que não haverá necessidade da garantia em razão do perfil das empresas e do relacionamento mais próximo com os bancos.
As instituições financeiras privadas foram contatadas por representantes da equipe econômica e já sinalizaram que participarão também da oferta do crédito, segundo informaram pessoas do governo a par das negociações.
Um integrante da equipe econômica disse à reportagem que as taxas de juros dos empréstimos para a indústria serão “sem precedente”.
O anúncio deverá ocorrer nesta segunda-feira (27) e marcará a conclusão da primeira onda de medidas do governo federal de socorro ao estado. Novas medidas poderão ser adotadas assim que for identificada a necessidade de mais apoio para áreas específicas.
O Rio Grande do Sul ainda sofre com as chuvas e não se tem uma dimensão clara do estrago da tragédia para as famílias, empresas e infraestrutura do estado.
O governo diz que na próxima segunda-feira as primeiras linhas de crédito, anunciadas para os empresários de micro, pequenas e médias empresas e agricultores, já estarão disponíveis nos bancos.
Desde a eclosão da tragédia e o anúncio das medidas de crédito, a Fazenda teve que lidar com os trâmites necessários para a liberação das garantias. O esforço, na avaliação de auxiliares do ministro, tem sido para reduzir ao mínimo a burocracia para dar agilidade às medidas, como cobrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nos cálculos da equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o valor das garantias dessas linhas que entram em operação na segunda-feira chegará a cerca de R$ 7,5 bilhões. Elas poderão alavancar cerca de R$ 52 bilhões em novos financiamentos com taxas de juros subsidiadas que, em alguns casos, chegam a zero, como para empréstimos dos agricultores do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
O diagnóstico da Fazenda é que a sequência de medidas para o Rio Grande tem sido bem focadas nos problemas, sem espaço para que propostas “malucas” de socorro, desprovidas de cuidado fiscal, acabem sendo aprovadas.
Com o anúncio do auxílio reconstrução de R$ 5.100 para as famílias, equipe econômica conseguiu barrar a criação de uma auxílio emergencial mensal, benefício que na visão da Fazenda poderia acabar ficando permanente por tempo indeterminado, com grande dificuldade no futuro de ser retirado.
A primeira onda do socorro ao Rio Grande do Sul incluiu ações para baratear financiamentos a empresas e produtores rurais de menor porte, pagamento de parcelas extras do seguro-desemprego, antecipação de benefícios sociais e a suspensão temporária do recolhimento de tributos de empresas afetadas, auxílio aos municípios e sustação do pagamento da dívida com a União do governo gaúcho por três anos.