Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2024
A tragédia climática com as fortes chuvas no Rio Grande do Sul ceifou vidas e destruiu boa parte da infraestrutura e dos bens de grande parte da população do estado, lançando luz também para os efeitos em um dos setores mais afetados com ações listadas em Bolsa: o de seguros.
De acordo com Dyogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), os pedidos de indenização referentes à tragédia climática no Rio Grande do Sul já ultrapassam R$ 1,6 bilhão, e o valor deve aumentar “consideravelmente” nas próximas semanas.
“Valores de sinistros e indenizações devem crescer muito nas próximas semanas”, afirmou Oliveira em evento do setor nessa sexta-feira (24), destacando que mais de 23 mil sinistros já foram avisados em razão dos estragos em decorrência das enchentes que devastaram o Estado nas últimas semanas, afetando mais de 2,3 milhões de pessoas em 469 dos 497 municípios gaúchos.
“A tragédia no Rio Grande do Sul terá a maior cobertura de indenização da história de seguros do Brasil para um único evento”, afirmou, mas ressaltando que não haverá problema de liquidez no sistema de seguros do Brasil para cobrir os sinistros.
Os impactos ainda estão sendo contabilizados pelo setor. Na semana passada, a Fitch Ratings ressaltou sua expectativa de que a indústria brasileira de seguros administre de forma eficaz o impacto das fortes chuvas, com os resultados provavelmente permanecendo dentro das projeções de ratings atuais. Na opinião da agência, a capitalização robusta e a regulamentação sólida do setor, além dos contratos estratégicos de resseguros, mitigarão a pressão financeira de potenciais perdas seguradas e econômicas.
Baixa concentração
“Apesar do desafio em quantificar as perdas exatas, a penetração limitada dos seguros no mercado e a baixa concentração destes produtos na região sugerem que o impacto nos resultados financeiros das seguradoras nos próximos trimestres deve ser mínimo ou pouco significativo. Em 2023, do total de prêmios emitidos pelos segmentos de seguros supervisionados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), que atingiram R$ 388 bilhões, apenas R$ 29 bilhões diziam respeito ao Estado do Rio Grande do Sul – ou seja, menos de 10%. Além disso, dos prêmios emitidos na região, a exposição para cobertura de danos era ainda menor (cerca de R$ 10,6 bilhões)”, apontou em relatório, ressaltando ainda que os segmentos que podem ser mais afetados, como o de automóveis e residencial, têm baixa penetração. Pelas projeções da agência, estima-se que apenas 25% da frota de automóveis no Brasil possuem seguro, e cerca de 30% das residências na região Sul contam com algum tipo de proteção.
Também é importante observar se a cobertura para enchentes e alagamentos está prevista nas apólices. Além disso, as seguradoras têm operações que podem reduzir os impactos nos resultados, como a de salvados para automóveis recuperados pelas companhias, que são vendidos posteriormente em leilões. O seguro rural, por sua vez, é um dos produtos que têm maior procura no Rio Grande do Sul. Dessa forma, a tragédia climática no estado causa impacto neste segmento, mas a Fitch acredita que as consequências seriam limitadas, tendo em vista que boa parte da safra de soja foi colhida. No entanto, a região é responsável por uma parcela expressiva da produção nacional de arroz, que deve ser afetada.
Para a agência, se os fenômenos meteorológicos extremos se tornarem mais frequentes ou acentuados, as seguradoras poderão ter de reavaliar os prêmios de seguros para refletir o aumento do risco, o que, por conseguinte, resultaria em maiores custos para aceitação de riscos, bem como no provável aumento das despesas de resseguros. As seguradoras também podem rever as condições de cobertura, possivelmente excluindo certos riscos ou ajustando as franquias para melhor gerir a exposição a sinistros relacionados ao clima. Apesar do forte impacto negativo do evento climático, a Fitch entende que a tragédia pode se refletir no aumento da procura por proteção e por seguros na região sul do país. As informações são do portal Infomoney.