Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2024
O Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) se tornou o primeiro partido em São Paulo a ter como presidente um indiciado por associação para o tráfico e organização criminosa. Justamente a maior e mais conhecida delas, o Primeiro Comando da Capital (PCC), que tem cada dia mais estreitado os laços com a política e o poder público.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O partido, que na semana passada anunciou o empresário e coach Pablo Marçal como pré-candidato à prefeitura de São Paulo, nomeou Tarcísio Escobar de Almeida no dia 18 de março para responder pela legenda em âmbito estadual. Três dias depois, ele foi desligado oficialmente.
Apesar disso, Escobar continua a participar de encontros políticos nos quais ainda se apresenta como presidente da legenda, incluindo atos em sedes da legenda, e articula em nome do PRTB, firmando alianças da sigla em todo o Estado. Os dados foram levantados pelo Estadão junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Polícia Civil de São Paulo e Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
O indiciamento de Tarcísio Escobar pela polícia paulista ocorreu em julho de 2023. A investigação contra ele se iniciou após documentos que indicaram sua suposta relação com a quadrilha serem apreendidos com um criminoso preso em flagrante.
Tarcísio Escobar não aparece na lista de filiados do partido e, segundo o sistema do TSE, está com o título eleitoral suspenso. Mesmo assim, continua figurando em vídeos e eventos públicos como líder paulista do PRTB, negociando adesão da legenda a pré-candidatos em cidades paulistas. Em alguns casos, os eventos acontecem nas sedes municipais do PRTB.
Além do indiciamento por associação ao PCC e tráfico, Tarcísio Escobar também foi condenado em primeira instância por estelionato em Poá, na Grande São Paulo, e responde pelo mesmo crime em Barueri, também na Região Metropolitana.
Ele foi colocado de maneira provisória no comando do partido em âmbito paulista depois de Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, assumir o comando da legenda na esfera nacional em fevereiro deste ano. Hoje, o presidente estadual da legenda em São Paulo registrado no TSE é Joaquim Pereira de Paulo Neto, que não foi encontrado para comentar sobre o caso.
Leonardo Avalanche não explicou as razões de Tarcísio Escobar ter sido registrado como presidente e retirado formalmente da direção três dias depois. Sobre ele continuar articulando e se apresentando como presidente da legenda, Avalanche disse ter visto Escobar em alguns eventos, mas alegou não ter contato com ele.
“Não, não fiquei ciente, desconheço isso (indiciamento de Escobar). Mas ele se apresenta como presidente? Ele não esta ativo no partido. Não tenho muito contato. Vi ele em alguns eventos, mas igual eu vejo (outros) em todos os Estados também. A gente não definiu um grupo e eu sou recente na direção”, argumentou ao Estadão.
Em nota, o PRTB afirmou que Escobar não faz parte do diretório. “Informamos que o senhor Tarcísio Escobar não faz parte do diretório estadual do PRTB de São Paulo e, portanto, não possui legitimidade para falar em nome do partido. Embora tenha atuado na gestão anterior, ele foi mantido no posto provisoriamente por apenas três dias, enquanto ainda estávamos reformulando a nova equipe da atual direção. O doutor Joaquim Pereira de Paulo Neto o substituiu oficialmente desde então é o legítimo presidente do diretório estadual”, afirmaram.
Escobar e um advogado que figura em sua defesa em um processo criminal foram procurados, mas não atenderam a reportagem do Estadão. Pablo Marçal foi procurado por meio de sua assessoria, que limitou-se a afirmar que a informação estava equivocada. Ao ser questionado novamente, não respondeu se sabia do indiciamento de Escobar. O PRTB estadual também foi procurado por meio do telefone que consta como do diretório no TSE. Contudo, as ligações não foram atendidas.