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Política Derrotas seguidas no Congresso expõem falhas na articulação do governo Lula

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O cenário aumentou a pressão por trocas na equipe responsável pelas articulações.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O cenário aumentou a pressão por trocas na equipe responsável pelas articulações. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Embora relativizada pelo Palácio do Planalto, a série de derrotas do governo durante a última semana expôs falhas na articulação política que têm sido cada vez mais perceptíveis no Congresso.

Líderes têm divergido em público e falhas de comunicação ficam evidentes em algumas votações, enquanto o PT cobra uma atuação mais firme na pauta identitária. O cenário aumentou a pressão por trocas na equipe responsável pelas articulações, mas a ideia não está nos planos do Palácio do Planalto.

Nos últimos dias, o Congresso derrubou decisão do presidente Lula que mantinha a saída temporária de presos. Os parlamentares também mantiveram veto do ex-presidente Jair Bolsonaro à criminalização de notícias falsas.

Na próxima terça-feira (4), a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara começará a debater a proposta de emenda constitucional (PEC) que criminaliza qualquer porte de drogas. Deputados ameaçam sustar em plenário a regulamentação do Ministério do Trabalho sobre a lei de igualdade salarial entre homens e mulheres. Outro desafio deve ser o Plano Nacional de Educação (PNE), que antes mesmo de ser enviado já despertou críticas dos evangélicos. E nesta semana deputados enviaram ao Senado projeto que susta decisão do governo e afrouxa o acesso a armas.

Em meio à ofensiva da oposição, há divergências até mesmo entre os governistas. Um dia após a sessão do Congresso, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), foi de encontro ao líder no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), ao defender a inclusão de mais servidores dos ex-territórios – Rondônia, Amapá e Roraima – no projeto que deu reajustes para a segurança pública.

A posição de Randolfe, relator da proposta, contou com o apoio do senador Davi Alcolumbre (União), também do Amapá. “O relator da matéria fica ali espremido numa posição do governo de votar o assunto e na outra de ter que conquistar os seus pares, porque precisamos deliberar ou construir um acordo”, observou Alcolumbre.

Antes da sessão, os três discutiram por 20 minutos. Por fim, Jaques não se comprometeu a fazer mudanças, mas combinou a criação de um grupo de trabalho.

Em maio, Jaques enfrentou situação delicada também com a bancada do PT. No dia em que seria votado projeto para ampliar as cotas no serviço público, o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), anunciou que a deliberação seria adiada, em acordo presenciado pelo líder do governo. O anúncio, porém, pegou membros do PT e do Ministério de Igualdade Racial de surpresa.

Senadores do PT correram para localizar Jaques e cobrá-lo para a votação ocorrer naquela data, sob risco de prejudicar concursos de junho. “Precisamos ver se alguém participou desse acordo. Nós estamos tentando falar aqui com o líder Jaques Wagner. Não estamos conseguindo”, disse Paulo Paim (PT-RS) no plenário.

Jaques chegou às pressas e a votação acabou ocorrendo. O episódio, no entanto, gerou críticas sobre o fato de ele não ter informado a bancada. Também há reclamações sobre ele “ceder demais” na pauta dos costumes e de segurança pública à oposição. Em conversa com jornalistas, Jaques não esconde que prioriza a “briga” por temas econômicos.

No caso do Congresso, há uma avaliação entre aliados do governo de que Randolfe esteve isolado em algumas situações por ter pouco diálogo com os deputados.

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