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Mundo México deve eleger uma mulher à Presidência neste domingo

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Ex-governadora da Cidade do México, ambientalista e de uma família judaica, Sheinbaum deve fazer um governo de continuidade. (Foto: Reprodução)

O México elegerá neste domingo (2), em turno único uma mulher para a Presidência pela primeira vez na sua história. As duas primeiras colocadas nas pesquisas são a governista Claudia Sheinbaum (ampla favorita), e a opositora Xóchitl Gálvez.

Como a grande favorita é apadrinhada pelo atual presidente populista de esquerda, acredita-se que um eventual governo de Sheinbaum limite-se a ser uma continuidade do atual em áreas que preocupam os investidores, como energia, independências das instituições e segurança.

No caso de Sheinbaum confirmar seu favoritismo, há pouca expectativa de que o México implemente as reformas que precisa para atrair investimentos e conter a onda de criminalidade que se espalha pelo país.

Nas pesquisas de intenção de voto, o apoio a Sheinbaum – do Movimiento Regenaración Nacional (Morena), fundado por López Obrador – tem variado em torno dos 54%. Gálvez – que é do Partido Ación Nacional (PAN), mas tem o apoio dos outros dois partidos tracionais do país, o da Revolución Institucional (PRI) e o Revolucionário Democrático (PRD) – tem 36%. Jorge Álvarez, deputado esquerdista do Movimento Ciudadano (MC), tem 10%, aponta a média ponderada de várias pesquisas apurada pelo instituto Oraculus.

Ex-governadora da Cidade do México, ambientalista e de uma família judaica, Sheinbaum deve fazer um governo de continuidade. Já na remota hipótese de vitória de Gálvez – de origem indígena e ex-prefeita de Hidalgo -, ela enfrentaria um Legislativo hostil para aprovar suas medidas de liberalização da economia.

Favoritismo

Segundo o analista político e sócio da consultoria mexicana Integralia, Carlos Ramírez, o favoritismo de Sheibaum em todo o período de campanha eleitoral reflete uma aposta da população mexicana em dar um novo mandato ao grupo de López Obrador, independentemente do legado que ele deixa. “O balanço do atual governo, em geral, me parece ruim”, afirma.

“O que está prevalecendo são as emoções, não a razão”, diz. “Mesmo nos setores em que López Obrador parece ter ido bem, como a política de aumento de salários e redução da pobreza, suas medidas não são sustentáveis”, analisa Ramírez. “Sua política energética, que ele tanto defende, começa a falhar e está começando a ruir. A curto prazo, há alguns indicadores que ajudam López Obrador, mas a médio prazo eu acredito que estaremos falando de outra história completamente diferente.”

Outros fatores também contribuem para o favoritismo do Morena, incluindo o desgaste dos chamados políticos tradicionais entre a sociedade mexicana. “Em 2018 López Obrador foi o candidato da mudança e fez campanha como ‘o agente antissistema não corrompido pela política tradicional e pelas estruturas partidárias’. Sheinbaum fez campanha como agente de continuidade política”, diz o diretor de análise econômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.

“Já para Gálvez, ficou difícil mostrar de forma convincente que representa a mudança autêntica, liderando uma candidatura presidencial que é apoiada pelo trio dos principais partidos tradicionais, cuja imagem permanece fragilizada em grande parte do eleitorado”, acrescentou Ramos.

Os quase 100 milhões de eleitores mexicanos também vão eleger os ocupantes de 20 mil cargos públicos, incluindo 500 deputados nacionais, 128 senadores, governadores, prefeitos e autoridades locais.

“Mesmo agora, o governo já tem feito mudanças no aparato da segurança jurídica, por exemplo, que não levam em conta o bem comum e o benefício geral do população”, diz o advogado Ricardo Reséndiz, fundador da Reséndiz Wonh, que há 25 anos presta serviço a empresas estrangeiras que se instalam no México. “Há várias medidas de retrocesso legal que têm impacto nas garantias comerciais, o que afasta investimentos”, afirma.

“Se o Morena obtiver uma maioria que o autorize a mudanças constitucionais – algo que parece pouco provável, mas não impossível -, vai haver uma nova Constituição no México”, diz Ramírez, da Integralia. “Nesse caso, reescreverá a Constituição à sua maneira, para ficar 30 anos no poder.”

A oposição diz que Sheinbaum não tem propostas claras para conter o aumento do déficit público, pôr fim aos gargalos de infraestrutura que travam a economia do país – um dos mais beneficiados pela reorganização das cadeias globais de suprimento pós-covid – e combater a criminalidade que se espalha pelos Estados.

Para muitos especialistas, o México não está aproveitando a oportunidade de atrair mais empresas em sua posição de proximidade com o mercado dos EUA em razão da baixa produtividade e de problemas de infraestrutura. As informações são do Valor.

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