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Mundo Homem foi picado pela terceira cobra mais venenosa do mundo e não morreu

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Williams segura uma Taipan da Papua Nova Guiné, terceira mais venenosa do mundo. (Crédito: Reprodução)

Cerca de 4 mil pessoas são picadas por cobras todos os anos na Papua Nova Guiné, mas o governo do país nunca conseguiu comprar antídotos em quantidade suficiente para atender todas as vítimas, porque estes são caros e fabricados no exterior.

Agora, o pesquisador australiano David Williams diz ter encontrado uma maneira de produzir um antídoto eficiente e barato que poderia ajudar a resolver esse problema. Williams, que trabalha na Universidade de Melbourne, na Austrália, já chegou a ser mordido por cobras seis vezes. “A [picada] mais recente – e espero que seja a última – aconteceu há oito anos, na Papua Nova Guiné”, contou.

“Estávamos filmando um documentário para a rede de TV [australiana] ABC e eu queria fazer uma última cena em que a cobra passaria bem em frente à lente da câmera, enquanto o repórter falava, uns seis metros ao fundo.” A cobra que atacou Williams era uma Taipan, cujo nome científico é Oxyuranus scutellatus canni. Pertencente a mesma família das temidas cobras-coral e naja, a Taipan é tida como a terceira mais venenosa do mundo.

O pesquisador australiano ficou uma semana no hospital. E sem um antídoto, não teria sobrevivido. “Anualmente, entre 3,5 mil e 4 mil pessoas são picadas por cobras na Papua Nova Guiné. Cerca da metade dos casos requer antídotos, mas o governo consegue comprar apenas de 400 a 500 doses. Então, muitas pessoas não estão sendo tratadas”, disse.

Segundo o cientista, o país compra antídotos de fabricação australiana, que são de boa qualidade, mas muito caros: cada dose pode custar o equivalente a 7,6 mil reais. “Na ausência do antídoto, o único recurso é colocar [as pessoas picadas] em unidades de terapia intensiva, conectadas a aparelhos que as ajudam a respirar até que seus sistemas nervosos se recuperem”, explicou.

Williams decidiu tentar encontrar uma solução eficaz para a escassez de antídotos no país enquanto fazia pesquisas sobre os efeitos clínicos de picadas de cobra em um hospital em Port Moresby, a capital de Papua Nova Guiné. “Estávamos coletando cobras para produzir veneno para projetos de pesquisa. Então pensamos: por que não tentamos achar um fabricante que concorde em criar um antídoto para nós?”

A solução foi encontrada na Costa Rica, onde um laboratório sem fins lucrativos concordou em fazer uma parceria com Williams e sua equipe. “’Você fornece o veneno e nós produzimos [o antídoto]’, o fabricante me disse.” De acordo com o pesquisador, nesse esquema, cada dose de antídoto deve custar por volta de 590 reais. “Temos a capacidade de produzir o suficiente para o país todo com um décimo do que o governo gasta hoje”, afirmou.

“E queremos criar um antídoto que possa ficar fora da geladeira entre três e seis meses. Assim, mesmo os postos de saúde pequenos, que não dispõem de sistemas de refrigeração confiáveis, poderão estocar o produto.”

 

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