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Política PEC das praias: puxada por famosos, esquerda vence debate nas redes e isola Flávio Bolsonaro

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A defesa do texto, mobilizada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relator da proposta, não emplacou e ficou isolada.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Quem encabeça a reação é o senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

A entrada de influenciadores e celebridades de fora do meio político, como a atriz Luana Piovani, impulsionou a crítica à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Praias nas principais plataformas digitais e levou a posição do campo da esquerda e de aliados do presidente Lula a “vencer” o debate sobre a proposta, cenário que não costuma ser frequente nas redes.

A conclusão é reforçada por análises feitas por empresas especializadas em mapear os ambientes digitais, que mostram que a defesa do texto em tramitação no Congresso, mobilizada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relator da proposta, não emplacou e ficou isolada.

Um levantamento feito pela consultoria Bites aponta que a discussão sobre a proposta era inexistente nas plataformas até 24 de maio. Antes da entrada de celebridades, o tema foi pautado por uma mobilização feita por organizações e ambientalistas, como o Observatório do Clima, que começaram a se manifestar às vésperas da audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que ocorreu no dia 27.

O primeiro vídeo a viralizar foi produzido pelo movimento Euceano e divulgado em 24 de maio. Na gravação, os mergulhadores e documentaristas Rodrigo Thomé e Rodrigo Cebrian abordam a audiência pública e criticam a tentativa de “privatizar praias”. Eles também pedem que seguidores pressionem os parlamentares.

A PEC prevê a transferência da propriedade de terrenos de marinha — aqueles que ficam numa faixa de 33 metros para dentro do continente a partir do limite das marés —, hoje sob o domínio da União, para estados, municípios e proprietários privados. Ambientalistas alertam que a proposta pode bloquear acessos de praias por empreendimentos e comprometer a biodiversidade, o que é negado pelo relator da proposta Flávio Bolsonaro.

Após a publicação do Euceano, políticos e contas do campo da esquerda se posicionaram contra a PEC e miraram Flávio, mas não atingiram engajamento expressivo. O patamar de interesse sobre a PEC das Praias só mudou no dia 31 de maio, quando houve um salto no volume de menções à PEC, chegando às 100 mil citações na plataforma X (antigo Twitter). A mudança foi puxada por stories no Instagram de Luana Piovani, com críticas ao texto e que associavam a proposta no Senado a interesses econômicos do jogar Neymar. O jogador anunciara, dias antes, um projeto de construções de luxo no litoral do Nordeste.

Ao repostar um vídeo de uma influenciadora crítica à PEC, a atriz focou em Neymar: “Imagina se isso é ídolo?”, escreveu Luana, condenando ainda a postura do jogador como pai e marido, ao relembrar de supostas traições: “Como consegue ser tão mau caráter? Neymar também foi às redes e chamou a atriz de “maluca”.

Dados reunidos pela Bites mostram que, na semana de 28 de maio a 3 de junho, o Google registrou 674 mil buscas sobre Neymar, contra 103 mil buscas sobre Luana. A empresa calcula que a PEC mobilizou, nos últimos dias, 9,3 milhões de interações com menções no X, sites e blogs, além de contas do Instagram, como perfis de notícias, páginas de fofocas e de políticos.

Apenas no X foram 188 mil perfis no debate sobre a PEC. Segundo a Bites, contas de páginas e influenciadores como Gina Indelicada, Choquei, Alfinetei, Hugo Gloss e Felipe Neto se destacaram na campanha contra que teve como mote atacar a “privatização” das praias.

Por outro lado, usualmente articulada nas redes sociais, a direita não se engajou. A consultoria Arquimedes contabiliza 587 mil publicações compartilhadas na plataforma X sobre o tema legislativo, entre 23 de maio e 5 de junho. Do total, 86,5% foram críticas à PEC das Praias. Já as postagens em defesa da proposta não elencaram argumentos favoráveis à sua aprovação e se destinaram a rebater a alegação de que a PEC tem o intuito de privatizar as praias.

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