Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2024
A inflação acumulada em 12 meses do aluguel residencial acelerou de 9,16% em abril para 9,45% em maio, registrando o maior patamar desde janeiro de 2023 (10,74%), segundo o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). No mês, o indicador desacelerou de 1,40% para 0,21%.
“Podemos dizer que, no momento, a tendência na variação do aluguel é de alta”, disse o coordenador dos índices de preços do FGV Ibre, André Braz.
Segundo ele, fatores sazonais no mercado imobiliário de São Paulo causaram a taxa menor no IVAR mensal de maio. Entre abril e maio, o indicador registrou aceleração em três das quatro cidades usadas para cálculo do índice. É o caso das mudanças nas variações de locação em Belo Horizonte, que saltou de -3,38% para 4,62%; Rio de Janeiro, que avançou de -0,46% para 4,55%; e Porto Alegre, que aumentou de 2,02% para 2,20%. Por outro lado, São Paulo apresentou queda acentuada, passando de 3,20% para -4,00%, no mesmo período.
“A meu ver o que ocorreu em São Paulo foi uma questão atípica e que não se desenha em tendência”, disse.
O técnico reiterou que, a tendência da variação do preço do aluguel no país é de aceleração, como mostra a evolução em 12 meses do Ivar.
Influência
Uma série de motivos conduzem ao atual cenário de aluguel mais caro, segundo ele. Em primeiro lugar está o patamar de juros para crédito imobiliário, que ainda opera em alta. O especialista comentou que a compra de imóveis é costumeiramente feita via financiamento e, sem condições de compra, as pessoas recorrem às residências de aluguel. Isso deixa o mercado mais aquecido, com oferta maior do que demanda, o que eleva preços de locação, pontuou.
Na prática, a conjuntura macroeconômica atual tem impulsionado os juros para cima no Brasil, admitiu ele. O especialista comentou que a taxa básica de juros (Selic), que norteia juros de mercado como um todo, está em trajetória de queda desde meados do ano passado. Mas o ritmo da queda é lento, comentou. Além disso, a Selic menor demora a ter efeito na economia real, em torno de seis meses a oito meses.
Outro aspecto mencionado por ele é a evolução recente da inflação. Há sinais de que as expectativas inflacionárias no Brasil aumentaram. Isso favorece o Banco Central (BC) a reduzir ainda mais o ritmo de redução da Selic, ou até mesmo não reduzir mais, visto que manter a taxa sem cortes é estratégia para coibir a demanda interna e, por consequência, o avanço da inflação.
Assim, na análise do especialista, como o contexto atual macroeconômico não é favorável a novos cortes na Selic, é provável que os juros de financiamento imobiliário continuem a operar em patamar elevado. Ou seja, com perspectivas pouco favoráveis de crédito mais em conta para comprar casa própria, o brasileiro recorre cada vez mais ao aluguel, e mantém em alta a variação da locação, pontuou o técnico. As informações são do Valor Econômico.