Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2024
As apreensões da droga ketamina mais do que dobraram no Brasil no ano passado ante 2022, segundo a Polícia Federal. No período, o total de casos subiu de 10 para 22 e o de gramas apreendidos, de 2.514 para 4.463 (alta de 78%). Para 2021, quando a PF passou a compilar dados sobre essa substância, o salto é maior – naquele ano houve 4 apreensões, com recolhimento de 698 gramas. A droga, também conhecida por cetamina, é obtida de um medicamento de uso humano e veterinário.
A ketamina está em evidência com o caso da ex-sinhazinha do Boi Garantido, do Festival de Parintins, Djidja Cardoso, achada morta no dia 28 em sua casa, em Manaus. A causa ainda é investigada, mas há suspeita de overdose da droga, que causa efeitos alucinógenos e graves danos à saúde.
No dia 30, a Polícia Civil do Amazonas prendeu preventivamente cinco suspeitos de integrar uma seita religiosa supostamente envolvida na distribuição de ketamina. Dois dos detidos são parentes de Djidja Cardoso.
Em seu uso veterinário, a cetamina tem a venda controlada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Já como medicamento humano é usada como anestésico geral em cirurgias e classificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como psicotrópico, sujeito a controle especial. Não é vendida em farmácias.
Avanço
O produto vem sendo desviado de clínicas e estabelecimentos veterinários autorizados a adquiri-lo e vendido de forma clandestina como uma droga recreativa, que passou a ser usada principalmente em festas e baladas com música eletrônica. Usuários relatam efeitos psicodélicos, incluindo a sensação de estar “fora do corpo”. Há riscos de convulsões e agravamento de problemas cardíacos.
As apreensões da PF indicam que a ketamina está se espalhando pelo Brasil. Embora as apreensões se concentrem em São Paulo e em grandes cidades paulistas, como Campinas e Santos, porções significativas foram recolhidas em outros Estados, como em Manaus, Curitiba, Fortaleza, Campo Grande, Rio e Pelotas (RS). Em todos os casos, estava na forma de pó.
“Nas pesquisas que a gente faz sobre o uso de drogas em festas, a ketamina é uma das que mais tem aparecido”, diz o professor José Luiz da Costa, coordenador do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CiaTox) de Campinas.
No Distrito Federal, em dezembro, operação da Polícia Civil e do Ministério Público, com apoio do Ministério da Agricultura, apurou a atuação de uma organização criminosa interestadual que realizava o tráfico. A distribuição clandestina era feita por meio postal por uma empresa agropecuária de fachada, com sede em São Paulo.