Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de junho de 2024
Uma equipe de cientistas japoneses construiu o primeiro satélite de madeira do mundo, que será enviado ao espaço em setembro em um foguete da SpaceX. O artefato é um pequeno cubo de dez centímetros de aresta desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Kyoto e da madeireira Sumitomo Forestry.
Seus criadores calculam que o satélite queimará completamente ao entrar novamente na atmosfera, o que pode ser uma forma de reduzir a geração de resíduos metálicos quando esses dispositivos retornam à Terra.
Essas partículas metálicas podem ter efeitos negativos para o meio ambiente e as telecomunicações, afirmaram os responsáveis pelo projeto ao apresentarem a sua criação no último dia 28.
“Os satélites que não são feitos de metal deveriam se generalizar”, disse Takao Doi, astronauta e professor da Universidade de Kyoto.
O satélite, feito de madeira de magnólia, já foi entregue à Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA, na sigla em inglês) e será transferido para a Estação Espacial Internacional (ISS) em setembro, antes de ser lançado em órbita em novembro.
Quando retornar à Terra, após algo entre seis meses a um ano de serviço, a madeira vai se incinerar completamente, liberando somente vapor d’água e dióxido de carbono.
“Os dados serão enviados do satélite para pesquisadores, que poderão verificar se há sinais de estresse e se o satélite pode suportar as grandes mudanças de temperatura”, disse uma porta-voz da Sumitomo Forestry à AFP.
Foram usadas técnicas tradicionais de marcenaria japonesa nos painéis, que não dependem de cola ou parafusos.
A primeira impressão é que a ideia não daria certo no espaço, por conta do material ser inflamável. Mas funciona justamente por isso, por conta do problema do lixo espacial, que é uma grande preocupação atual das agências espaciais ao redor do mundo.
Muitos lançamentos de foguetes e satélites estão sendo lançados na atmosfera terrestre, liberando partículas de alumínio e outros metais. Astrônomos já alertaram que o excesso de satélites na atmosfera podem ter consequências degradáveis, como queda do detrito espacial na Terra ou causando interferência em observações do espaço.
Takao Doi, astronauta e engenheiro que participou da pesquisa, disse ao Japan Times que outros benefícios da madeira são a resistência em ambiente hostil do espaço e que ela não bloqueia ondas de rádio.
“Expandir o potencial da madeira como um recurso sustentável é significativo”, afirmou o cientista. “Nosso objetivo é construir habitats humanos usando madeira no espaço, como na Lua e em Marte, no futuro.”
O satélite possui sensores a bordo, que vão avaliar a tensão na madeira, temperatura, forças geomagnéticas e a radiação cósmica, além de receber e transmitir sinais de rádio. O projeto caminhou lentamente, iniciando em 2020, com especulações sobre o potencial da madeira no espaço para uma melhor sustentabilidade. As informações são da agência de notícias AFP e do portal de notícias Terra.