Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2024
Samara Felippo compartilhou a sua indignação com o andamento do processo que apura o caso de racismo sofrido por sua filha, Alicia, de apenas 14 anos. Em uma nota publicada em seu Instagram, e compartilhada também por seu advogado, o Dr. Hédio Silva Jr., ela revelou que, sua filha não será chamada para dar a sua versão sobre o ocorrido.
“Vítima de racismo explícito ocorrido na escola, no dia 22 de abril, minha filha, de 14 anos, foi proibida de manifestar-se no processo que apura a conduta de suas ex-colegas de escola, agressoras que inclusive confessaram a prática de racismo. Onde a escola também reconheceu o ato racista. Ela poderá participar da audiência, mas calada, sem direito de apresentar a sua versão dos fatos”, escreveu ela. A atriz ainda disse que as “agressoras já foram ouvidas”, mas que, até o momento, nem ela, nem a filha, nem seus advogados foram chamados a depor.
Samara também contou que mesmo o ato de racismo tendo sido confessado pelas agressoras, o caso está sendo tratado como violação de direito autoral: “Por que um ato infracional análogo ao crime de racismo, confessado pelas agressoras, está sendo tratado como violação de direito autoral? Ou seja, está sendo tratado como se as agressoras somente tivessem rasgado um trabalho escolar e ponto. Existe uma frase violenta de cunho racista no interior do caderno. Por que isso não está sendo levado em conta?”, questionou a artista.
Por fim, a atriz disse que seus advogados iriam tomar as atitudes cabíveis: “Não estou lutando somente pela minha filha, venho há anos, através das minhas redes, denunciando casos de racismo. […] Não sei o que pensar sobre essa decisão. Meus advogados estão tomando as providências, mas estou estarrecida. A relativização do racismo persiste”.
Relembre o caso
Samara Felippo contou nas redes que a filha foi vítima de ofensa racista e cobrou atitudes para garantir que a adolescente possa continuar a frequentar a escola em segurança. “A gente chegou em casa e eu vi a Alicia debruçada na mesa, tendo que refazer cada linha. Ela chorava compulsivamente porque estragaram o trabalho dela. É impossível uma mãe não sentir raiva nesse momento. Eu não quero ver minha filha chorando. Nenhuma mãe quer”, relatou Samara em entrevista ao Fantástico no mês passado. “Arrancaram todas as páginas de um trabalho que ela fez com muito capricho e dentro do caderno tinha uma frase de cunho racista gravíssima”, contou a atriz.
O episódio aconteceu na Escola Vera Cruz, em São Paulo, que desde 2019 tem um projeto de Educação Antirracista. “Não estou aqui para apedrejar a escola. Imagina, recebeu o acolhimento. Achei que a primeira ação que eles fizeram foi importante para acharmos os responsáveis, mas ainda é um projeto antirracista falho”, destacou Samara.
O coordenador da Escola Vera Cruz afirmou que a instituição reconhece o que aconteceu com a Alicia como sendo um ato racista. “A Alicia nos trouxe a questão, e fomos imediatamente a todas as salas do nono ano, onde a fala sobre o ocorrido envolvia reconhecer aquilo como uma atitude racista grave. As agressoras ficaram suspensas por tempo indeterminado para que a escola pudesse amadurecer todos os processos de outras sanções eventualmente cabíveis àquela situação”.
“Eu gostaria que a minha filha não convivesse mais com as agressoras. Quando essas meninas voltarem ao ambiente escolar, se voltarem, a minha filha vai revisitar essa dor. Você entende? Eu não quero mal, eu não estou odiando ninguém”, disse Samara.