Domingo, 09 de março de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia O Banco Central vive um momento inédito: a primeira transição no seu comando desde a lei que lhe deu autonomia, em 2021

Compartilhe esta notícia:

Em 2023, antes de ser indicado ao seu atual cargo de diretor de política monetária no Banco Central, Galípolo era o número 2 do Ministério da Fazenda. (Foto: Washington Costa/MF)

O Banco Central (BC) vive um momento inédito: a primeira transição no seu comando desde a lei que lhe deu autonomia, em 2021. E o provável sucessor do atual presidente, Roberto Campos Neto, indicado no governo de Jair Bolsonaro, já tem assento na diretoria.

O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, ex-braço direito do ministro Fernando Haddad na Fazenda, é visto como o favorito para a indicação do presidente Lula no fim deste ano, quando termina o mandato de Campos Neto, mas, para ser confirmado no cargo, vive um dilema delicado.

Integrante do Comitê de Política Monetária (Copom), ele precisará, até o fim do ano, equilibrar suas posições sobre a taxa básica de juros (Selic) entre a demanda de Lula por uma redução mais forte e a conjuntura que dificulta novos cortes. Isso para não se inviabilizar junto ao presidente nem perder a credibilidade perante os agentes do mercado, muito importante para a autoridade monetária.

E Galípolo terá uma prova de fogo nesta semana, quando o Copom se reúne para definir a Selic, principal instrumento do BC para cumprir a meta de inflação.

A sucessão rouba a cena da condução da política monetária porque há temores no mercado sobre a postura do BC em relação à inflação a partir de 2025, sob o indicado de Lula. Com a deterioração das expectativas, a visão majoritária dos agentes econômicos é de que a Selic ficará parada em 10,5% ao ano.

Antes da reunião de maio, quando houve um racha no Copom, as previsões convergiam para que a taxa ficasse em um dígito no fim deste ano. Muitos analistas veem a divisão da diretoria e a sucessão no BC como fatores que atrapalham a redução da Selic.

Cinco contra quatro

Campos Neto deixa o cargo em 31 de dezembro cumprindo a regra de autonomia da instituição, que deu ao presidente e seus diretores mandatos fixos de quatro anos. O presidente da República tem o poder de indicá-los, mas não pode demiti-los.

Lula já avisou que não tem pressa para escolher o sucessor de Campos Neto e ninguém no Planalto crava que a decisão esteja tomada.

É consenso que Galípolo é o nome mais forte, senão o único sobre a mesa do presidente. E, no Senado, não há dúvidas de que seria aprovado. Como auxiliar de Haddad, teve bom desempenho nas articulações com o Congresso. Mas, no BC há quase um ano, o economista tem sido alvo de constante escrutínio do mercado.

Analistas dão como certo que os cinco integrantes da diretoria do BC remanescentes do governo Bolsonaro — incluindo Campos Neto — votarão pela manutenção da Selic na reunião do Copom que começa na próxima terça e termina na quarta-feira, diante de riscos inflacionários no horizonte. Eles têm maioria para mais uma vez derrotar os quatro indicados por Lula, entre eles Galípolo.

Foi o que aconteceu na reunião de maio, quando o primeiro grupo votou por um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, e o segundo ficou com 0,5. A divisão serviu para muitos analistas preverem um BC mais leniente com a inflação a partir de 2025.

Para tentar desfazer essa visão, Galípolo buscou se mostrar próximo dos argumentos dos diretores de quem discordou e passou a sinalizar ao mercado que pode votar agora por ao menos uma pausa no atual ciclo de corte de juros, mas é algo que não deve ser bem recebido pela ala política do governo nem por Lula.

Ainda mais no momento em que Haddad, seu principal avalista, enfrenta derrotas e tem a difícil missão de convencer o presidente de cortar gastos para recuperar a credibilidade da política fiscal, que influencia a decisão do Copom.

Lula não poupa críticas ao BC de Campos Neto desde o início do seu terceiro mandato, queixando-se de juros que considera altos demais, prejudicando o crescimento da economia. Galípolo votou junto com o atual presidente do BC em todas as decisões do Copom, exceto na última, mas nunca foi alvo do petista, até porque, desde agosto do ano passado, o BC vinha reduzindo a Selic.

O pano de fundo das tensões agora é a avaliação de que o atual presidente do BC pisou no freio dos cortes por estar renovando sua ligação com a direita, em busca de uma saída “liberal” do BC. Seu nome é frequentemente vinculado ao de Tarcísio de Freitas, como seu possível ministro da Fazenda no caso de uma eventual eleição presidencial.

Sua presença em um jantar oferecido pelo governador de São Paulo — cheio de políticos, mas sem Bolsonaro — na semana passada reforçou essa percepção e gerou críticas de integrantes do governo que apontaram incompatibilidade com a autonomia do BC. Campos Neto, no entanto, nega pretensões políticas e diz ter planos de atuar na iniciativa privada a partir de 2025.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Ministro da Fazenda Fernando Haddad diz que Lula ficou surpreso com a notícia de que a carga tributária caiu no Brasil em 2023
Saiba como o mercado vê os juros e a cotação do dólar no Brasil até o fim do ano
https://www.osul.com.br/o-banco-central-vive-um-momento-inedito-a-primeira-transicao-no-seu-comando-desde-a-lei-que-lhe-deu-autonomia-em-2021/ O Banco Central vive um momento inédito: a primeira transição no seu comando desde a lei que lhe deu autonomia, em 2021 2024-06-17
Deixe seu comentário
Pode te interessar