Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de junho de 2024
Inaugurado em março no Centro Histórico de Porto Alegre, o Espaço HPM hospedará às 14h30min desta quarta-feira (19) um novo encontro da “Roda de Cultura”, série de bate-papos com protagonistas do setor no Rio Grande do Sul. O nome da vez é o do veterano professor, pintor, pesquisador e crítico Cirio Simon, em conversa informal sobre a arte e seu multifacetado universo.
A atividade tem entrada franca, porém com vagas limitadas e mediante agendamento pelo telefone/whatsapp (51) 9859-55690. O Espaço Cultural HPM está localizado em um palacete no Largo João Amorim de Albuquerque nº 72, imediações do Theatro São Pedro e Biblioteca Pública do Estado. Na internet: pracadamatrizhotel.com.br.
“Não há um roteiro ou pauta pré-estabelecidos”, antecipa o protagonista do evento. “Faremos uma roda de conversa com pessoas de envolvimento com as artes, interagindo sobre temas de interesse do grupo. A essência é que somos todos diferentes e a arte está em quem a produz, não no que é produzido.”
Trajetória
Mestre em Educação e doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Cirio Simon é um dos mais importantes intelectuais em temas como a história da arte no Estado e a trajetória do Instituto de Artes (IA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Nascido em 1936 na cidade gaúcha de Sarandi (Região Norte), ele ingressou em 1958 IA/UFRGS, ao mesmo tempo em que atuava como alfabetizador voluntário dos empregados de uma fábrica em Porto Alegre. Na universidade, pela qual se graduou em 1962, teve como mestres Aldo Malagoli, Iberê Camargo, Aldo Locatelli e Rose Lutzenberger, apenas para citar alguns nomes.
Atuou em salas de aulas populares e de periferia, colégios São João, Cândido Godói, Champagnat e Rosário, Instituto Palestrina e as universidades Feevale e UFRGS – lecionou por longos anos na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) e no Instituto de Artes (que dirigiu entre 2002 e 2006, até a aposentadoria “oficial”).
A intensa atividade abrange, ainda, a dedicação como ministrante de cursos e consultor da Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), bem como e uma ampla produção teórica por meio de artigos, teses, dissertações e livros.
Há também o artista plástico, responsável por pinturas de murais em colégios, igrejas e instituições públicas ou privadas da Capital e Interior do Estado. Boa parte de suas experiências é compartilhada em profciriosimon.blogspot.com.
Espaço HPM
Inaugurado no final da década de 1920, o palacete do Largo João Amorim de Albuquerque nº 72 abriga há quase 50 anos o Hotel Praça da Matriz. O empreendimento no Centro Histórico de Porto Alegre passou por uma ampla revitalização e, sob o comando da Família Patrício desde 2014, tem hospedado anônimos e famosos. Além de abrigar, desde março, o Espaço Cultural HPM.
A iniciativa tem como foco exposições, saraus, lançamentos de livros e outros eventos, com produção da equipe da casa em parceria com a agência Práxis Gestão de Projetos e expoentes dos mais diversos segmentos culturais.
Na origem do imóvel está Luiz Alves de Castro (1884-1965), popularmente conhecido como “Capitão Lulu” e dono do cabaré-cassino “Clube dos Caçadores”, estabelecimento tão controverso quanto icônico na rua Andrade Neves, Centro Histórico de Porto Alegre.
A fortuna amealhada com a atividade também lhe permitiu, na mesma época, construir o imponente edifício que hoje sedia o Espaço Cultural Força e Luz, na Rua da Praia.
Para o palacete residencial, Lulu contratou o renomado engenheiro e arquiteto de origem alemã Alfred Haessler. O resultado foram quatro andares, com subsolo, pátio interno, cúpula de cobre e ao menos dois diferenciais na época: garagem e sistema francês para aquecimento de água.
Tudo elaborado em estilo eclético, com mármores, azulejos e outros materiais importados, formando um conjunto atualmente inventariado como de interesse histórico pelo Município e contemplado com o programa Monumenta, permitindo a recuperação de fachada, cobertura e estrutura elétrica.
O proprietário original não teve muito tempo para aproveitar tamanho requinte, pois migraria no início dos anos 1930 para o Rio de Janeiro, onde ampliou suas atividades (foi sócio do Cassino da Urca e comandou empreendimentos nas cidades de Niterói e Petrópolis).
Com o decreto presidencial que em 1946 proibiu a jogatina em todo o País, Lulu se desfez de praticamente todo seu patrimônio em Porto Alegre e o prédio – até então alugado a terceiros – trocou de mãos até ser adquirido em 1949 por um comerciante cuja nora, Ilita Patrício, mantém com sua família o estabelecimento hoteleiro.