Segunda-feira, 03 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2024
Depois de lançar uma campanha publicitária para atrair o segmento evangélico e reembalar programas com foco nos mais pobres, o Palácio do Planalto agora fará uma ofensiva no público jovem para melhorar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O plano em elaboração no governo prevê o anúncio de um pacote que reunirá iniciativas já lançadas para a faixa etária de 15 a 29 anos, que corresponde a 23% da população. Na prática, contudo, será uma nova roupagem para medidas já anunciadas de forma separada.
O carro-chefe da lista deve ser o programa Pé-de-Meia, que prevê auxílio financeiro mensal de R$ 200 para estudantes do Ensino Médio, além de uma poupança a ser sacada no fim do curso. A criação de cem novos institutos federais no país também vem sendo citada por auxiliares.
No governo, no entanto, a avaliação é que ambas iniciativas são insuficientes para alterar a popularidade de Lula nesse estrato da população e que é preciso produzir uma linguagem única voltada ao jovem para comunicar outras ações.
Pesquisa Datafolha da semana passada mostrou que, de março até agora, oscilou de 21% para 24% o contingente de jovens (16 a 24 anos) que avalia o governo como ruim ou péssimo, enquanto recuaram de 32% para 25% os que, dentro dessa faixa etária, consideram a gestão como ótima ou boa. A margem de erro, no recorte por idade, é de cinco pontos percentuais para mais ou menos. Levantamento Quaest do mês anterior já havia detectado tendência semelhante de desgaste.
O pedido para o governo preparar um pacote voltado aos jovens partiu do próprio Lula. A ideia surgiu após levantamentos internos mostrarem que, apesar de ter levado vantagem sobre Jair Bolsonaro na campanha de 2022 neste segmento, segundo pesquisas feitas na época, a percepção atual dos jovens é que o petista poderia estar fazendo mais.
O temor no Planalto é que o sentimento de decepção com o governo cresça e, por isso, o plano é montar uma espécie de cardápio de ações para esse público em um único espaço. Um dos auxiliares de Lula envolvidos nas discussões afirma que, ainda que os jovens possam ter escolhido o petista em 2022, seu apoio não está cristalizado, pois ainda espera o governo acontecer.
“O governo tem centenas de ações de políticas públicas direcionadas à juventude. A Secretaria-Geral da Presidência da República faz um papel de articulação dessas políticas, de dar coesão, para que possa dar mais visibilidade e chegar ao conjunto da juventude brasileira”, disse o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, que ficou responsável pela tarefa.
Lançamento próximo
Nas primeiras conversas, a pasta identificou 200 ações em 28 ministérios voltadas a esse público. Uma delas é o Bolsa Jovem Cientista da Pesca Artesanal, que destina bolsas de pesquisa para estudantes da rede pública filhos de pescadores. Outra iniciativa é o Segundo Tempo, programa que estimula prática de esporte no turno inverso da escola. Outros dois programas que devem ser incluídos são o Pacto Pela Alfabetização na Idade Certa – o governo mapeou 720 mil jovens que não são alfabetizados – e o Programa Manoel Querino, que oferece convênios com universidades para cursos de qualificação profissional de jovens.
“Queremos apresentar um ciclo de políticas de que todos os jovens possam participar. As ações existem e são substanciais. O jovem quer respostas urgentes, e ele está certo”, afirma o secretário nacional da Juventude, Ronald Sorriso.
O modelo do projeto, ainda em fase de finalização, será levado para chancela de Lula antes do lançamento. A expectativa no governo é que a iniciativa seja lançada nas próximas semanas, mas não há data prevista.
Ao discursar na Conferência Nacional da Juventude, em dezembro do ano passado, Lula pediu “muita paciência” aos jovens porque o “governo precisava negociar com muita gente que é adversário político”. Também cobrou ação dos seus auxiliares.
A cobrança que Lula fez em dezembro vem sendo replicada internamente pelo presidente aos auxiliares responsáveis por capitanear a iniciativa. Além da Márcio Macêdo, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) está envolvida na tarefa e avalia a criação de site, slogan ou de campanha publicitária voltada ao segmento. A Secom é comandada interinamente pelo jornalista Laércio Portela. As informações são do jornal O Globo.