Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de junho de 2024
A maioridade penal na Argentina atualmente é de 16 anos.
Foto: DivulgaçãoO governo de Javier Milei enviou ao Congresso argentino um projeto de lei que reduz a maioridade penal para 13 anos na Argentina. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (28) pelos ministros de Segurança e da Justiça, Patricia Bullrich e Mariano Libarona. O governo pediu urgência para aprovação da medida, segundo nota do Ministério de Segurança.
A maioridade penal na Argentina atualmente é de 16 anos. Segundo Bullrich, o objetivo do projeto de lei é “proteger o cidadão argentino diante do delito” e “acabar com a impunidade”.
No Brasil, a maioridade penal é de 18 anos, mas crianças podem ser responsabilizadas a partir dos 12, com internações em entidades como a Fundação Casa, em São Paulo.
Conforme nota do Ministério da Segurança, o projeto de lei, chamado de “Regime Penal Juvenil”, estabelece um novo regime penal para adolescentes entre 13 e 18 anos que cometam crimes. O novo projeto de lei prevê que as penas podem chegar a até 20 anos de prisão, segundo o jornal argentino “La Nación”.
“Esse é um tema que todos os governos foram empurrando ano após ano e que custa vidas dos argentinos. O populismo e a mentira do Estado presente e a catástrofe educativa deixaram o país sem a possibilidade de se proteger diante do delito. Este projeto de lei vem para acabar com a impunidade. É importante que os jovens tenham oportunidades, mas a principal oportunidade é viver numa comunidade que tenha baixos níveis de delito, que baixe a quantidade de jovens delinquentes. Aquele que o faça tem que saber que se fizer, tem que pagar”, disse a ministra.
Imputabilidade é um termo jurídico penal que faz referência à possibilidade de se atribuir a autoria ou responsabilidade por fato criminoso a alguém.
Bullrich esteve em El Salvador no mês de junho e se encontrou com o presidente Nayib Bukele. Desde que foi eleito, Bukele promoveu uma reforma na Segurança Pública salvadorenha contra gangues que dominavam o país e prendeu milhares de criminosos com um modelo populista e autoritário, com atropelo de procedimentos democráticos.
O novo projeto de lei determina que os adolescentes de 13 a 18 anos que cometam crimes podem ser “privados de liberdade” em estabelecimentos especiais ou em seções separadas nas penitenciárias, sob a direção de pessoal qualificado, e que deve ser comunicado aos pais sobre a imputação e os atos processuais.
O texto diz ainda que em casos de liberdade condicional devem ser aplicadas conjuntamente medidas complementares, como “assistência a programas educativos, formação cidadã, capacitação laboral, acesso a serviços de saúde, tratamento médico ou psicológico, obrigação de buscar e, se possível, obter um trabalho, comparecimento ao tribunal, proibição do consumo de bebidas alcoólicas e entorpecentes.”
O ministro da Justiça, Mariano Libarona, disse que o novo projeto visa combater a utilização de menores pelo crime organizado para escapar de responsabilidade penal. Segundo Libarona, o crescimento da criminalidade juvenil é “um dos maiores desafios para a prosperidade da nossa nação.”
Para justificar a lei, Libarona disse que os tempos mudaram e, com isso, os jovens também mudaram. Além disso, citou o estupro coletivo de uma menina judia na França praticado por adolescentes de 12 e 13 anos.
Patricia Bullrich já tentou reduzir a maioridade penal para 15 anos na Argentina em 2019, quando também era ministra de Segurança do ex-presidente Mauricio Macri.
Também na gestão Macri, em 2017, houve uma tentativa do então ministro de Justiça, Germán Garavano, para reduzir a maioridade para 14 anos.