Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de junho de 2024
Marcar um encontro por aplicativo é algo comum nos dias de hoje. Mas criminosos estão se aproveitando da facilidade dos encontros para aplicar golpes e cometer crimes.
No último domingo (23) o profissional de saúde Luciano Martins, de 46 anos, foi encontrado morto em um lixão na Serra, na Grande Vitória. Luciano marcou um encontro por aplicativo antes de ser considerado desaparecido. O caso foi registrado como latrocínio e a polícia investiga se o assassinato tem alguma relação com o encontro.
Como funcionam as armadilhas
De acordo com o delegado da Delegacia Especializada Antissequestro (DAS), Alysson Pereira Pequeno a polícia percebeu que a partir de um encontro por aplicativo marcado, os seguintes crimes tem acontecido com frequência :
1-Estelionato: o crime consiste em tentar tirar vantagem em proveito próprio, enganar alguém, levá-la ao erro ou causar prejuízo a outra pessoa. Nesse caso, a vítima pode sofrer inúmeros golpes, como ter o cartão de crédito utilizado ou ser induzido a transferir dinheiro para a pessoa que marcou o encontro;
2-Tortura: para conseguir obter o dinheiro, o criminoso utiliza de tortura física e psicológica;
3-Vítima de estupro: caso durante o encontro a pessoa não concorde em ter relações sexuais, ela pode ser abusada sexualmente, principalmente se o encontro for marcado fora de locais públicos;
4-Extorsão mediante sequestro: a vítima pode ser mantida em cárcere privado até que o criminoso consiga os bens e valores que deseja. Em alguns casos, o suspeito faz com que familiares ou terceiros sejam contatados para obter mais dinheiro;
5-Homicídio e latrocínio: em alguns casos, o encontro pode acabar com a morte de um dos envolvidos após um encontro malsucedido, ou até mesmo a vítima pode ser atraída para um falso encontro que já poderia estar premeditado pelo criminoso e o caso pode acabar em latrocínio, que é o roubo seguido de morte.
“Essa ferramenta é uma via de mão dupla e pode ser utilizada para o crime. Com esse aumento da procura também houve exponencial aumento de crimes voltados para esse meio. Crimes patrimoniais, contra a vida, que acabam ocorrendo em virtude de um encontro marcado. São casos registrados como homicídio, dentre outros, o que traz uma dificuldade estatística de levantamento de dados”, comentou o delegado.
Além disso, o delegado afirmou que em diversos casos, a investigação precisa avançar muito até que se descubra que o crime aconteceu durante um encontro marcado por aplicativo.
“Diversos casos na antissequestro começaram por encontros de aplicativo, foi só o meio que o criminoso utilizou para conseguir. Muitas vezes depois do encontro a pessoa sofre tortura, extorsão, e por medo de se expor, faz a transferência de valores e não faz o registro de ocorrência. Fica um caso subnotificado. E quanto mais isso ocorre, esses grupos se sentem a vontade para praticar os crimes. Então é importante a polícia saber, e a gente sempre recomenda registrar o boletim de ocorrência”, disse.
No caso ocorrido no domingo, foi um amigo da vítima que contou a polícia sobre o encontro que o profissional de saúde tinha marcado, o que deu um direcionamento as investigações da polícia.
“O Luciano era homossexual e usava muitos aplicativos de encontro. E infelizmente tem acontecido muitos casos disso, de usarem esse aplicativo para cometerem crimes. Ele marcou esse encontro com a pessoa, trouxe esse desconhecido para dentro de casa”, comentou um amigo da vítima que não quis se identificar.
As estratégias utilizadas pelos criminosos são variadas e por isso a polícia diz não ser possível identificar se os casos são cometidos por apenas uma pessoa ou por quadrilhas.
“Na maioria das vezes é uma intenção de ganho de valores, retirar valores da vítima ou terceiros. A vítima tenta reagir, e o suspeito, muitas vezes sob efeito de entorpecente, fica mais violenta, agredindo a vítima e podendo levar a óbito. Temos diversos casos de pessoas que foram torturadas com ferro de passar, líquido inflamável cortes de facas, além de todas as agressões psicológicas”, acrescentou o delegado.
Dicas para se prevenir
Alguns cuidados importantes que o delegado Alysson destaca são: Tentar fazer uma videochamada para tentar conferir se a pessoa é quem ela diz ser; Ter cautela nas informações passadas nas conversas; Na hora que marcar um encontro, sempre tentar avisar um familiar ou um amigo mais próximo; Marcar sempre encontros em locais públicos que tenham monitoramento de câmeras pelo menos no primeiro encontro.