Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de julho de 2024
Neste momento, forças estaduais e federais e trabalhadores de ONGs atuam no combate aos incêndios no Pantanal.
Foto: Bruno Rezende/Governo do Rio Grande do SulO primeiro semestre deste ano foi o mais devastador para o Pantanal em toda a série histórica de registros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Nos primeiros seis meses de 2024, 3.538 focos de incêndio consumiram 700 mil hectares no bioma, uma área quase seis vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro.
Os dados de focos de incêndios são do sistema BDQueimadas, do Inpe, que registra os pontos de calor no bioma por meio de satélites desde 1998. Até então, 2020 tinha registrado o pior 1º semestre da série histórica, com 2.534 focos de incêndio. Já os números deste ano superam em quase 40% o acumulado nos seis meses do ano recorde de queimadas no bioma. O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse que algumas áreas do Pantanal poderão ter perdas irreversíveis.
Historicamente, a temporada de fogo no Pantanal começa entre o fim de julho e o começo de agosto, momento mais seco do inverno. Entretanto, o período foi antecipado devido à longa estiagem enfrentada pelo bioma e às mudanças climáticas, segundo especialistas.
O fogo devastador consumiu 700.025 hectares do bioma que tem a água como característica principal, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ). Neste ano, cerca de 5% do bioma já foram afetados. O Pantanal tem 16 milhões de hectares.
Para especialistas, a escalada do fogo em 2024 caminha para um cenário semelhante ou pior ao de 2020, até então o pior ano para o Pantanal desde o fim da década de 1990. Um estudo realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, universidades e ONGs estimou que, naquele ano, ao menos, 17 milhões de animais vertebrados morreram em consequência direta das queimadas no Pantanal.
Pesquisadores do Lasa fizeram projeções matemáticas para o cenário de destruição em 2024. Segundo os pesquisadores, ao mínimo, 3 milhões de hectares podem ser queimados pelo fogo neste ano.
Conforme o documento apresentado pelo Lasa, desde o final de 2023 e início de 2024, a região apresenta o maior índice de “raridade de seca” já registrado desde 1951, ultrapassando o ano de 2020 que até o momento era considerado o primeiro do ranking de secas, considerando a umidade do solo na região.
O especialista em conservação ambiental e biólogo da ONG SOS Pantanal Gustavo Figueirôa explica que o modelo apresentado pelo Lasa considera o histórico de fogo no bioma desde 2001. A partir do padrão do fogo ao longo dos últimos anos e as condições climáticas, os pesquisadores conseguem apresentar um possível panorama para 2024.
“São previsões baseadas em parâmetros meteorológicos e climáticos. O cenário apresentado dá uma chance muito alta para que a área queimada passe dos 3 milhões de hectares queimados. Isso é o mínimo se nada for feito. Se nada for feito, o cenário crítico pode ser escalado e números piores podem ser registrados”, contextualiza o estudo, Figueirôa.
Neste momento, forças estaduais e federais e trabalhadores de ONGs atuam no combate aos incêndios no Pantanal. Marinha, Exército, Corpo de Bombeiros, brigadistas voluntários, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros combatentes estão em atuação contra às chamas.