Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Luiz Carlos Sanfelice | 3 de julho de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Ushuaia – Linda e inesquecível
Uma noite minha filha Zaliana, casada com o Engº Alexandre Selbach e mãe do brilhante jovem Engº Lorenzo, veteranos e implacáveis viajantes (já andaram meio mundo) me liga e pergunta: “Pai, você prefere um ‘cruzeiro marítimo’ na costa brasileira ou passar uns dias em Ushuaia?” USHUAIA – respondi. “Então pega a mãe façam as malas e vamos viajar”. Nossa!!!. E fomos… Em Janeiro embarcamos num avião para Buenos Aires, pousamos no enorme aeroporto de Ezeisa e de lá fomos ao Aero-Parque um lindo aeroporto à beira do Mar del Plata donde partiria o avião direto para Ushuaia, num voo de mais de 3 horas. E assim aconteceu. O voo para Ushuaia proporciona um cenário deslumbrante sobre o Atlântico Sul, com o oceano à esquerda e o continente à direita. Logo identificamos os canais e o Estreito de Magalhães e a medida que o vértice invertido do cone da América do Sul ia estreitando então podíamos ver mar, terra, montanhas e neve dos primeiros contrafortes da Cordilheira dos Andes na Patagônia (apesar de ser verão) e iam encantando nossos olhos. Fiquei assombrado ao saber que nesse período (alta temporada) são feitos 15 voos por dia de Buenos Aires à Ushuaia, que despejam umas 700 pessoas por dia sendo mais de 50%, orientais (chineses, coreanos, japoneses, etc). Incrível.
Ushuaia, a cidade mais meridional do mundo é carinhosamente conhecida e chamada de “Fim do Mundo”. É uma bonita cidade as margens do mar não muito distante do temido Cabo Horn (de grandes tempestades e mar furioso) cheia de bons Restaurantes muito acolhedores, onde frutos do mar – em especial o enorme, esquisito e bonito caranguejo carinhosamente chamado de “centolla” e a carne de ovelha tem um especial destaque. Seus hotéis e pousadas sempre lotados nesta época oferecem bom acolhimento e conforto para os turistas que voltam muito cansados depois de maravilhosos passeios que inúmeras opções são disponibilizadas. Ou você sobe até os píncaros de uma montanha e ‘pega’ neve na mão; ou você faz a insólita e curiosa viagem no pequeno Trem dos Condenados onde você vê pássaros andinos e manadas dos ‘troncudos’ cavalos patagônicos (que lembra muito o Mustang norte americano); ou vai conhecer os cristalinos lagos profundos entre as montanhas; ou visitar a mais longínqua “Agência Postal” do mundo, na ponta da América onde você pode comprar, selar e mandar um cartão postal pra você mesmo e assim ter o ‘carimbo’ daquela invulgar agência que curiosamente está num trapiche sobre água do oceano. Neste local, e em terra, os pesquisadores encontraram e estudam fósseis antiquíssimos de eras passadas e buscam descobrir e contar a história da presença do homem nestas então ermas paragens.
Para os passeio alugamos um carro e percorremos todos os caminhos, exploramos todas as trilhas, tiramos ‘todas as fotos’ e provamos todas as iguarias. Num dos dias o Alexandre me chama atenção: ‘olha lá no porto’. Vi. Lá estava ancorado um grande navio, de casco todo verde, pitando ao longo de seus lados (bombordo e estibordo) em grandes letras pretas “NATIONAL GEOGRAPHIC”. Para mim uma enorme e significativa surpresa. Até àquele dia só tinha visto e ouvido a ‘National Geographic’ pela TV e sempre tive curiosidade e prazer em acompanhar seus documentários por curiosos, educativos e ilustrativos que são. Mas, de repente, materializar ao vivo e a cores a presença de uma de suas unidades em terras patagônicas indo ou vindo da Antártida, não sei qual seria sua reação, mas eu fiquei emocionado em ver a NATGEO ao vivo.
Nos passeios pra-cá-e-pra-lá observei diversas vezes capelinhas em barrancos na beira da estrada. O que é isso?… Veja só, bem como diz o dito popular: “cada roca tem seu fuso e cada povo tem seu uso” e histórias criadas, verdadeiras ou inventadas passam a fazer parte da cultura e do folclore popular. Pois conta a história que tais capelinhas são uma homenagem à “Defunta Corrêa”, que diz a lenda (ou história real-não sei) que ela foi atrás do marido que havia ido pra guerra, que se perdeu no deserto, levando consigo seu bebê e que a certa altura caiu exaurida e morreu mas seu bebê ficou junto à seu seio e sempre mamando mesmo ela estando morta foi então milagrosamente encontrada e o bebê ainda vivo, foi salvo. Embora eu visse muitas capelinhas em toda região de Ushuaia, a história é cultuada (e muito respeitada) em todo interior da Argentina. A história está no Google. Eu não conhecia. “Defunta Corrêa”, que nome estranho. Outro fato incomum e agora problemático para o País e as autoridades, é a presença massiva de Castores na Patagônia. Ele não é natural de lá e não tem seu predador (o urso). Alguém levou um casal pra lá e sua população cresce exponencialmente e é difícil caça-lo. Estão destruindo centenas de hectares de mata nativa. Dá dor de ver. Ele é um roedor poderoso e implacável. É da sua natureza ser assim. Ir, conhecer e desfrutar de USHUAIA é maravilhoso.
Luiz Carlos Sanfelice, advogado jubilado pela OAB/RS – Auditor Senior lcsanfelice@gmail.com
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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