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Economia Por que Lula “duelou” com o mercado e agora recuou? Presidente está descontente com a atuação do Banco Central, mas a escalada do dólar preocupou

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A cruzada de Lula contra o Banco Central tem como pano de fundo a impaciência do petista com a política de juros. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A cruzada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o Banco Central (BC), que causou tensão no mercado financeiro e ajudou na disparada recente do dólar, tem como pano de fundo a impaciência do petista com a política de juros e o diagnóstico interno de que, eleitoralmente, ele se beneficia junto a parcelas da população quando decide duelar com o mercado.

O presidente não está fazendo a conta sobre o impacto de sua fala na cotação do dólar, mas buscando externar o que acredita, diz um aliado. O petista vê movimento do mercado para forçá-lo a adotar agenda ambiciosa de cortes e, por isso, tem insistido nos comentários contra a autoridade monetária e sobre o “jogo especulativo” ao qual o real vem sendo submetido.

Quem convive com Lula no Planalto diz que, internamente, esse é um dos assuntos que com frequência “tira o humor” do presidente.

A avaliação entre auxiliares é que, apesar da irritação de investidores, a maioria da população entende quando ele associa juros a problemas cotidianos. E citam pesquisas encomendadas pelo governo que apontam que Lula ganha o debate da opinião pública quando bate no juro. A repetição da crítica reflete a intenção de “cristalizar” a narrativa.

De Mantega a Galípolo

O presidente costuma trocar impressões sobre o tema com auxiliares. Além do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estão na lista os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Pimenta (Reconstrução do RS), o secretário executivo da Fazenda, Dario Durigan, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

O aparente recuo, quando Lula citou que “responsabilidade fiscal é um compromisso” do governo e autorizou Haddad a anunciar o cumprimento do arcabouço fiscal, foi visto como demonstração de que o presidente demarca sua posição, insiste no tema, mas não vai esticar a corda. A equipe econômica recebeu os gestos do presidente com “alívio”, disse um interlocutor de Haddad.

A resiliência da escalada do dólar passou a preocupar o presidente nos últimos dias, a ponto de ele pedir a Haddad para organizar encontro com um grupo de economistas. Segundo um aliado, apesar de Lula ter convicções sobre o que motiva a desvalorização do real, sentiu necessidade de ouvir vozes de fora do governo. Uma forma de o presidente se certificar de que não estava deixando algo fora do radar.

Na reunião, que ocorreu na casa de Haddad em São Paulo na sexta-feira (28), Lula reuniu auxiliares econômicos de longa data, como o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho e Luiz Gonzaga Belluzzo.

Estiveram também nomes com os quais o petista passou a interagir recentemente: o investidor Eduardo Moreira, dono do canal de notícias ICL, e Gabriel Galípolo, diretor do BC cotado para chefiar a instituição em 2025.

A conversa teve caráter de “troca de ideias”. E se alongou. Marcada para as 19h, durou até meia-noite. Segundo um dos presentes, a reunião durou bastante porque “o pessoal todo fala demais”, e Lula estava disposto a ouvir.

Cotidiano

Foi um debate sobre possíveis caminhos para resolver a subida do dólar, mas não se falou em medidas de intervenção no câmbio, segundo um dos presentes. Foram debatidas, inclusive, medidas que o próprio BC poderia tomar e limitações neste momento.

O uso das operações de swap cambial” até entrou na conversa. Houve ponderação, porém, de que o instrumento foi muito usado no passado e já há um estoque alto neste momento.

O presidente escutou o diagnóstico de que, apesar de haver um movimento global de valorização do dólar, quando se trata de economia, sinais contam muito e a linguagem usada pelas autoridades importa. A economia, afinal, é “dimensão da vida social” e a fala de um presidente tem impacto nas expectativas.

Lula tem deixado claro que está descontente com o BC, enfurecido com a postura do chefe da instituição, Roberto Campos Neto, e sem poder determinar qual deve ser a atuação da autoridade monetária, precisa registrar publicamente sua discordância. O diagnóstico foi feito por ele na conversa e vem sendo repetido a outros aliados na política.

Na visão do presidente, a equação política não é simples, diz um interlocutor. Ao mesmo tempo em que acredita haver ação “orquestrada” para emparedá-lo a abraçar medidas de austeridade, não pode dar um “cavalo de pau” na política sob risco de deteriorar sua base popular. Em jogo, está sua posição não só para 2026, mas a bandeira que a militância petista deverá carregar nas eleições municipais.

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