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Mundo Disparada do dólar cria cilada para Javier Milei na Argentina; entenda

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No último um mês e meio, o peso se desvalorizou em cerca de 40%, acendendo a luz amarela no governo.

Foto: Divulgação
No último um mês e meio, o peso se desvalorizou em cerca de 40%, acendendo a luz amarela no governo. (Foto: Divulgação)

Quando o presidente argentino, Javier Milei, assumiu o poder, em 10 de dezembro de 2023, a cotação do dólar paralelo ou blue estava em 990 pesos. Nos últimos dias, a moeda americana superou a barreira dos 1.400 pesos no mercado paralelo, acentuando uma escalada que começou em meados de maio, quando o Banco Central do país baixou de 50% para 40% a taxa de juros anual para aplicações de renda fixa.

Afinal, Milei foi eleito com a promessa de liberar por completo as amarras do câmbio para, depois, dolarizar a economia argentina. Mas, desde que assumiu, em vez de adotar o tratamento de choque prometido, Milei optou por uma estratégia que ficou conhecida no jargão financeiro como crawling peg – uma calibragem fina na desvalorização do peso para permitir a retomada do crescimento do país sem levar a um descontrole ainda maior na inflação.

No último um mês e meio, o peso se desvalorizou em cerca de 40%, acendendo a luz amarela no governo. Se o cenário internacional não ajuda e alta do dólar no Brasil complica mais a situação, os “fatores internos são os que mais pesam” para a perda de valor do peso, avalia Fernando Corvaro, analista da Pampa Capital.

“Existe muitas incertezas sobre a suspensão do chamado cepo (medida que restringe as operações no mercado cambial), e o mercado está nervoso”, afirma.

Se não for contida, a subida do dólar paralelo, que faz os preços em peso ficarem mais baratos, poderá animar turistas estrangeiros, entre eles os brasileiros, que nos últimos meses reduziram de forma expressiva suas viagens para a Argentina, assustados com os preços mais salgados.

Conforme representantes de agências de viagens locais, o turismo brasileiro está em baixa nos últimos meses e vários cruzeiros tiraram Buenos Aires do roteiro, optando, por exemplo, por Santiago do Chile, onde fazer compras ficou mais em conta do que na capital argentina. Até mesmo os argentinos voltaram aos shoppings de Santiago.

Corvaro é otimista e acredita que as negociações com o FMI levarão a um entendimento que permitirá ao governo argentino receber entre US$ 10 e US$ 15 bilhões ainda este ano, recursos que permitirão recompor as reservas do BC argentino e, assim, permitir equacionar melhor a questão cambial no país.

Mas o cenário ainda é incerto, e existe preocupação na equipe econômica comandada pelo ministro Luis Caputo. Em recente reunião com representantes dos bancos e do mercado financeiro, o ministro explicou os próximos passos do programa econômico, mas não deu detalhes sobre a política cambial. As dúvidas aumentaram o nervosismo, admite o economista Andrés Borenstein, da Universidade Di Tella e da empresa de consultoria Econviews.

“O governo perdeu um pouco da confiança dos mercados nos últimos tempos. O BC deixou de comprar reservas, baixou a taxa de juros e muitas pessoas voltaram a se refugiar no dólar”, afirma o economista.

Entre abril e o começo de julho, o dólar subiu quase 40% no mercado paralelo. Atualmente, uma aplicação de renda fixa num banco argentino oferece juros em torno de 2,5% mensais. No mesmo período em que o dólar paralelo passou de 990 para 1.400 pesos, a inflação acumulada foi de 126%. Os incentivos para colocar o dinheiro no banco e não comprar dólares são baixos, num país no qual o dólar é uma das paixões nacionais.

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https://www.osul.com.br/disparada-do-dolar-cria-cilada-para-javier-milei-na-argentina-entenda/ Disparada do dólar cria cilada para Javier Milei na Argentina; entenda 2024-07-05
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