Sexta-feira, 07 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de julho de 2024
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) gerou polêmica ao chamar sua colega Benedita da Silva (PT-RJ) de “Chica da Silva” durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais. A declaração, considerada racista por muitos, provocou reações do PT e de autoridades. A fala ocorreu enquanto Zambelli reclamava de não ter voz em reunião parlamentar. O PT e outros políticos acusaram Zambelli de racismo, ela pediu desculpas e alegou que a referência foi um elogio.
Francisca da Silva de Oliveira, conhecida como Chica da Silva, foi uma ex-escrava que viveu no século XVIII e se tornou uma das figuras mais intrigantes e mitificadas da história brasileira. Nascida entre 1731 e 1735, Chica conquistou liberdade e ascensão social em uma época marcada pela escravidão e preconceito racial.
O que você precisa saber: Chica da Silva nasceu escrava, filha de mãe africana e pai português. Conquistou liberdade ao se relacionar com João Fernandes de Oliveira, rico contratador de diamantes. Teve 13 filhos com João Fernandes e alcançou posição de destaque na sociedade colonial. Sua história foi alvo de distorções e mitos ao longo dos séculos.
Pesquisas recentes buscam revelar a verdadeira Chica da Silva, uma mulher que buscou integração social por meio dos meios convencionais da época. Ela participava de irmandades religiosas, possuía propriedades e escravos, e se preocupava com a educação de seus filhos. Contudo, sua ascensão social não a livrou completamente do preconceito racial da sociedade colonial.
Mitos e distorções
Ao longo dos anos, a imagem de Chica da Silva foi alvo de diversas distorções. Alguns dos principais mitos incluem:
Filmes, novelas e livros contribuíram para perpetuar uma imagem estereotipada de Chica da Silva. O filme “Xica da Silva” (1976) e a novela homônima de 1996 são exemplos de produções que, embora populares, reforçaram mitos e preconceitos.
Pesquisas recentes
Historiadores contemporâneos têm trabalhado para desconstruir os mitos em torno de Chica da Silva. Estudos apontam que ela foi uma mulher convencional para sua época, que buscou ascensão social através dos meios disponíveis, enfrentando desafios impostos por uma sociedade racista e escravocrata.
Acusações comuns
Lascívia e comportamento sexual exacerbado: Ela era frequentemente retratada como uma mulher de sexualidade exagerada, o que os historiadores contestam com base em evidências de sua vida familiar.
Feiticeira ou prostituta de luxo: Essas representações refletiam preconceitos raciais e sociais da época, retratando-a como uma figura mística ou imoral.
Símbolo equivocado de “democracia racial”: Sua ascensão social era erroneamente usada para sugerir que não havia racismo no Brasil colonial.
Caprichos extravagantes: Histórias exageradas, como a construção de um navio em um lago artificial, eram atribuídas a ela sem fundamento histórico.
Desqualificação de sua aparência e inteligência: Alguns relatos a descreviam como feia e sem espírito, reforçando estereótipos racistas.
“Golpe do baú”: A ideia de que ela se relacionou com João Fernandes apenas por interesse financeiro, ignorando a complexidade de sua relação.
Essas acusações e mitos refletiam o racismo e o preconceito da sociedade colonial brasileira, e muitos persistiram ao longo do tempo, obscurecendo a verdadeira história de Chica da Silva como uma mulher que buscou integração social dentro dos limites impostos pela sociedade de sua época. As informações são do Diário Carioca.