Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de julho de 2024
Conhecido como um dos maiores opositores à liderança da Igreja Católica pelo papa Francisco, o arcebispo italiano Carlo Maria Vigano foi excomungado pelo Vaticano. Motivo: ele chamou o pontífice de “servo de Satanás”, dentre outros ataques A medida inclui a proibição de celebrar missas e outras cerimônias, ou mesmo de ocupar qualquer cargo na instituição.
O Vaticano informou oficialmente que o arcebispo foi excomungado por “recusa da sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja que lhe estão sujeitos”, que caracteriza o delito de “cisma”. Vigano já chegou a fazer diversas acusações em que nega a autoridade papal e acusa o pontífice de “tiranismo”.
Vigano tem 83 anos e atuou dos Estados Unidos como núncio, cargo do qual se aposentou em 2016 e que equivale a uma espécie de “embaixador” do Vaticano em outros países. Ele se notabilizou por uma postura reacionária em uma série de pautas, muitas batendo de frente com a Igreja.
A declaração de que o papa “está a serviço do demônio” foi feita em dezembro do ano passado, após Francisco permitir a bênção a casais formados por pessoas do mesmo sexo. “Quando quer nos persuadir a pecar, o diabo enfatiza o suposto bem da ação malvada, colocando à sombra os aspectos contrários aos mandamentos de Deus”, protestou na ocasião.
Em outra declaração, no mês passado, Vigano disse que o objetivo do papa Francisco é “normalizar a sodomia [prática do sexo anal] e todo o tipo de perversão sexual”.
Por trás das acusações teológicas há uma rivalidade iniciada anos antes. Em 2018, o arcebispo acusou o papa de encobrir casos de abuso sexual cometidos pelo cardeal norte-americano Theodore McCarrick, excomungado em 2019. “O sumo pontífice sabia desses crimes desde 2013”, afirmou, sem apresentar provas.
Outros momentos polêmicos na trajetória do agora ex-arcebispo foram as manifestações de negacionismo em relação à pandemia de coronavírus e à responsabilidade do ser humano pelas mudanças climáticas. Não satisfeito com sua visão anticiência, ele – para variar – colocou a culpa no desafeto: “O papa Francisco escreve encíclicas delirantes sobre o meio ambiente e ataca quem ousa questionar a teoria do aquecimento global”.
Processo
O processo movido pelo Vaticano foi iniciado em junho. Durante o processo, Carlo Maria Vigano argumentou que as acusações contra ele eram “um motivo para se orgulhar ainda mais” de sua postura conservadora. Ele também reiterou sua insurgência ao dizer que não reconhecia a autoridade do tribunal responsável por seu julgamento.
Em um de seus depoimentos, o radical italiano pediu a seus apoiadores: “Rezem pelas pessoas que, como eu, estão estão sendo perseguidas por sua fé”.