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Brasil “Estamos com o governo, mas não teremos subserviência”, diz o presidente do partido União Brasil

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Dirigente diz que partido será contra o Planalto dependendo da pauta, critica ataques de Lula a Campos Neto e acena com candidatura própria em 2026. (Foto: Reprodução)

Eleito presidente do União Brasil após uma disputa recheada de conflitos, Antônio Rueda defende uma postura de independência em relação ao governo, a despeito dos ministérios ocupados na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O dirigente partidário também fez críticas às manifestações do chefe do Executivo contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a pauta econômica preocupa e chamou de “deselegante” a fala de Lula se referindo a ACM Neto, vice-presidente da sigla, como “grampinho”. Rueda também defendeu o ministro Juscelino Filho (Comunicações), indiciado pela Polícia Federal por suposta participação em um esquema de desvio de emendas parlamentares.

Lula disse que Juscelino Filho vai ser afastado se for denunciado pela Procuradoria-Geral da República. O União concorda?

“O presidente tem a prerrogativa de fazer o que quiser com os ministérios. Os órgãos de fiscalização têm instrumentos para verificar qualquer denúncia contra agente público. Caso a apuração indique alguma conduta danosa, tem que ser punido. Não pode condenar sem contraditório e defesa.”

A fala de Lula gerou incômodo?

“A princípio, não.”

E se o Planalto pedir a indicação de outro nome?

“É um evento futuro. O Juscelino tem um trabalho ilibado no ministério, e eu estou me pautando nisso. Se acontecer (pedido de outro nome), a gente vai tratar do assunto quando se concretizar.”

O União Brasil indicou ministros, mas vota contra o governo no Congresso em várias pautas. O que falta para estar mais alinhado?

“O União vai ajudar o Brasil onde puder. Se for pauta positiva, estaremos juntos. Mas não vamos ter subserviência. No que for ruim para o País, vamos ser contra o governo.”

Onde Lula está errando na articulação com o Congresso?

“Não sei se Lula está errando. A direita saiu maior do que a esquerda nas eleições, então há um exercício diário de conversa para imprimir a pauta.”

O senhor chegou a falar com Lula desde que ele assumiu?

“Não. Tive reuniões com o (Fernando) Haddad. Hoje, excepcionalmente, troco uma ideia com (Alexandre) Padilha, mas muito incipiente. Essa conexão é fina ainda.”

O partido quer ampliar a participação no governo?

“Se existe sinergia e identidade de ideias, por que não? Eu não tenho indicação no governo nem pretendo ter. Mas a gente tem quatro governadores, 60 deputados federais, mais de 100 deputados estaduais, sete senadores… Tem muito para contribuir.”

Como avalia a gestão Lula?

“Tem coisas boas e ruins. A pauta econômica me preocupa muito. O Estado tem que ser menor, porque fica mais eficiente. A carga tributária também deve cair, para trazer mais eficiência ao setor produtivo. O governo tem uma visão pouco progressista nesse sentido. Fico preocupado com a mudança do presidente do Banco Central. Como o setor produtivo e os países que investem no Brasil veem o governo? A sinalização não é boa.”

O que acha das críticas de Lula a Roberto Campos Neto?

“Considero um erro.”

Lula chamou ACM Neto, vice do União Brasil, de “grampinho”. Isso prejudica a relação?

“O presidente da República precisa de liturgia. Não é usando uma expressão jocosa que você vai se relacionar com o partido A, B ou C. É uma fala deselegante, no mínimo, e falta de respeito. Isso distancia. O presidente não foi feliz na forma como colocou.”

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, já se lançou pré-candidato à Presidência e defende uma aliança da direita para derrotar Lula, assim como o senador Sergio Moro. Essa antecipação compromete a relação do partido com o governo?

“É legítimo qualquer partido querer alçar o melhor. Tem um cargo máximo, que é a Presidência da República. Eu, enquanto presidente do União, vou fomentar que o partido cresça. Haverá condições de o Caiado liderar em 2026? Não sei ainda, mas se eu puder fertilizar esse solo para ter uma onda de prosperidade política no partido, claro que eu vou querer. Ele (Caiado) tem estatura. Então, sim, a gente considera. Não vou negar.”

Caso a candidatura própria não decole, acha mais provável estar alinhado a Lula ou ao grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2026?

“Tenho a pretensão de que esse partido tenha protagonismo na próxima eleição. Vou trabalhar para isso.”

As informações são do jornal O Globo.

 

 

 

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