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Política Diante de atritos com Milei, governo sugere que pode negociar gás natural com províncias argentinas

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A partir de outubro, acaba o contrato da Argentina com a estatal da Bolívia Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).

Foto: Reprodução
A partir de outubro, acaba o contrato da Argentina com a estatal da Bolívia Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). (Foto: Reprodução)

O governo Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que pode negociar gás natural diretamente com as províncias argentinas em meio ao tensionamento das relações com o presidente Javier Milei.

“A grande vantagem do gás natural, especificamente, é que é uma riqueza das províncias”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao ser questionado se os atritos com Javier Milei impactam nos planos brasileiros para o setor energético. Ele está em Santa Cruz de La Sierra, onde acompanha a comitiva do presidente Lula na Bolívia – o gás natural é um dos temas centrais da agenda.

Sem mencionar diretamente o presidente argentino, ele citou a reunião de Lula com governadores argentinos como contraponto ao “debate meramente ideológico colocado por pseudo-lideranças”. O encontro com os chefes das províncias de Neuquén e de Río Negro mês passado, no Rio de Janeiro, discutiu entre outras coisas o gasoduto de Vaca Muerta, megaprojeto argentino que o petista sugeriu apoiar por meio do BNDES.

Na Argentina, o petróleo e o gás se transformaram em arma na guerra por recursos entre as províncias e a Casa Rosada, após o arrocho implementado pelo governo Milei. Em fevereiro, os governadores da região da Patagônia (incluindo os de Neuquén e de Río Negro) ameaçaram fechar as torneiras para todo o país, caso os recursos não fossem liderados.

“Na verdade, o potencial do gás, no caso da Argentina, é de controle dos Estados”, enfatizou Silveira, negando que o governo tivesse a intenção de contornar a Casa Rosada. “Os governadores de Neuquén e de províncias vizinhas produtoras de gás, quando foram ao Rio de Janeiro, demonstraram completa e total disposição de vender gás para o Brasil, seja passando pela Bolívia, mas também com a possibilidade de estações de tratamento na região.”

O gás natural respondeu por 86% das exportações da Bolívia para o Brasil, em 2023, mas a queda de produtividade no país vizinho tem levado Brasília a buscar diversificar as fontes. Esse foi, inclusive, um dos argumentos do ministro da Economia, Fernando Haddad, ao defender os investimentos em Vaca Muerta.

A partir de outubro, acaba o contrato da Argentina com a estatal da Bolívia Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), e o Brasil poderá comprar mais 4 milhões de metros cúbicos de gás boliviano, hoje vendidos para Buenos Aires.

“Há mais 2 milhões de metros cúbicos que é possível trazer da Argentina sem aumentar os investimentos em gasodutos. E se os investimentos forem equalizados no gasoduto Nestor Kirchner, é possível trazer também mais 15 milhões de metros cúbicos de gás passando pela Bolívia e chegando ao Brasil”, afirmou Silveira. “O Brasil trabalha para aumentar a oferta e, consequentemente, diminuir o preço.”

O gás natural é um dos temas centrais na visita do presidente Lula a Santa Cruz de La Sierra. Ele vem acompanhado por uma comitiva de ministros e um grupo de empresários, que participam na terça-feira, 9, do fórum promovido pelo Apex-Brasil.

Lula deve prestar solidariedade a Luis Arce pela quartelada em La Paz, que denunciou como tentativa de golpe, e parabenizar a Bolívia pela adesão ao Mercosul. Ele chega a Santa Cruz de La Sierra após participar da Cúpula de chefes de Estado do bloco sul-americano, marcado pela ausência de Javier Milei.

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