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Política Bolsonaristas querem “superbancada” anti-Supremo

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Parlamentares têm deixado a defesa do ex-presidente de lado e apostado no ataque a Lula. (Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

Às vésperas da disputa eleitoral de 2024 e se estruturando para a corrida de 2026, aliados de Jair Bolsonaro (PL) têm apostado na estratégia de ignorar as diversas frentes de investigação da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente, enquanto atacam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Poder Judiciário.

Na última semana, o bolsonarismo foi atingido por dois movimentos da PF, o levantamento do sigilo no caso das joias sauditas – pelo qual o ex-presidente foi indiciado — e a nova operação no caso da Abin Paralela.

Esses temas foram evitados pela maioria dos deputados e senadores do PL, até para defender o governo Bolsonaro. Os bolsonaristas no Congresso têm apostado em duas principais frentes de comunicação. De um lado, atacar o Judiciário em razão da manutenção das prisões de acusados dos ataques às sedes dos três Poderes, em 8 de Janeiro.

Do outro, desgastar o governo federal ao defender que a inclusão das carnes na cesta básica da reforma tributária só ocorreu por meio de articulação da oposição, lembrando que Lula prometeu em 2022 que o brasileiro voltaria a consumir “picanha e cervejinha”.

Na bancada de 99 deputados do PL, além de Eduardo Bolsonaro (SP), só Carla Zambelli (SP), Júlia Zanatta (SC), José Medeiros (MT), Hélio Lopes (RJ) e Daniel Freitas (SC) foram às redes para criticar a investigação da PF. No Senado, Bolsonaro teve apoio do filho Flávio, além de Marcos do Val (Podemos-ES), Jorge Seif (PL-SC) e Eduardo Girão (Novo-CE).

Reação

Um deputado federal da tropa de choque do ex-presidente disse, sob reserva, que muitos dos correligionários têm se ressentido com a falta de reciprocidade na defesa de Bolsonaro, e que, por isso, têm preferido ficar quietos sobre o cerco ao líder. Eles veem o ex-presidente como alguém que não se arrisca para defender os aliados e se sentem abandonados quando precisaram de apoio em meio a investigações da polícia. Por isso, têm preferido atacar Lula e Moraes e desviar do noticiário contra Bolsonaro.

“Vai ter carne na cesta básica graças à atuação do PL”, escreveu a deputada Bia Kicis (PLDF) sobre a aprovação da reforma tributária. O deputado Mario Frias (PL-SP) foi na mesma linha e disse que “no final das contas, quem bancou a picanha foi o Partido Liberal”. Nikolas Ferreira (PL-MG) preferiu atacar Moraes: “Covarde. O que tem de cabelo tem de honra”.

Em chats bolsonaristas no WhatsApp e no Telegram, os usuários têm abordado o tema como mais uma perseguição ao ex-presidente e prova de supostos abusos de Moraes. As diversas investigações contra Bolsonaro podem alimentar um sentimento de vingança. Nos bastidores, senadores do grupo defendem foco total do PL em eleger uma “superbancada” no Senado em 2026 para contra-atacar o Supremo Tribunal Federal (STF).

A estratégia é lançar em cada Estado pelo menos dois nomes competitivos do bolsonarismo, atrelados um ao outro, na eleição para a Casa em 2026. Como haverá renovação de até dois terços e o eleitor poderá votar em dois nomes para senador, a ideia é pregar voto duplo no bolsonarismo e eleger uma grande quantidade de candidatos.

O Senado é estratégico para o bolsonarismo – a Casa pode pautar o impeachment de ministros do STF. Moraes é o principal alvo desse projeto. Enquanto isso, algumas lideranças já colocaram em prática um calendário de manifestações para esquentar a pauta anti-STF.

No próximo domingo (21), a Avenida Paulista deve ser palco de um ato, com presença de parlamentares. As pautas são o impeachment de Lula e Alexandre de Moraes, anistia aos presos do 8 de Janeiro e contra a descriminalização do aborto. “A ideia é fazer uma manifestação por mês, e naturalmente novas lideranças vão surgindo para a eleição de 2026, diz a deputada Carla Zambelli.

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