Domingo, 10 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de julho de 2024
A produção da indústria brasileira no primeiro trimestre deste ano se posicionou entre as 50 melhores, em ranking de 116 países de produção manufatureira global. O ranking foi elaborado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Na listagem, que tem como base dados da Unido (United Nations Industrial Development Organization), o Brasil atingiu a 45ª colocação, 15 posições acima da que estava no quarto trimestre de 2023 (60º); e 23 lugares acima do primeiro trimestre de 2023 (68º).
A produção industrial do País cresceu acima da média mundial para o mesmo período. Isso não ocorria desde o segundo trimestre de 2021, segundo Rafael Cagnin, economista do Iedi responsável pelo levantamento.
A indústria no Brasil, nos primeiros três meses do ano, mostrou alta de 1,7% ante primeiro o trimestre de 2023; e de 1% em relação ao quarto trimestre de 2023. Nas mesmas comparações, a produção manufatureira global teve aumentos de 1,4% e 0,1%. Enquanto a produção industrial mundial permaneceu estagnada no primeiro
trimestre de 2024, a atividade industrial brasileira avançou, comparou Cagnin.
O movimento se deve à redução dos juros e melhores condições de crédito no país no primeiro trimestre, observou. O pesquisador citou os cortes na taxa básica de juros (Selic), iniciados em agosto de 2023. A redução da Selic ajuda a diminuir juros na ponta, mas o efeito não é imediato. Para Cagnin, o início da redução dos juros básicos deu maior dinamismo à produção industrial neste ano.
Juros menores beneficiam tanto o industrial dependente de crédito para capital de giro como estimulam encomendas à indústria. Com juros menores, produtos de maior valor agregado, comprados a prazo, se tornam mais atraentes ao consumo.
O cenário aumenta a demanda por itens industriais e, por consequência, estimula encomendas à indústria. Ramos de bens duráveis, de consumo e de investimento, mais sensíveis às condições financeiras, foram os mais beneficiados, disse Cagnin.
A indústria também se beneficiou do contexto macroeconômico positivo, acrescentou. O país contou com maior poder aquisitivo do brasileiro, o que favorece vendas de produtos, e também impulsiona encomendas ao setor industrial, disse o economista.
“Vários fatores mobilizaram a demanda. Tivemos correção do salário mínimo acima de inflação, pagamento antecipado de precatórios. Tivemos, desde início do governo, reajuste e ampliação do número de famílias atendidas pelo Bolsa Família. E temos um mercado de trabalho aquecido”, enumerou. “Tudo isso mobiliza o mercado interno e a indústria.”
Cagnin admitiu que os próximos meses podem não contar com boa performance da indústria. Há possibilidade de a Selic ficar sem redução no segundo semestre, salientou. Isso pode estimular movimentos de alta de juros de mercado e inibir avanço de setores mais dependentes de crédito, observou.
Ele também lembrou das enchentes, no Rio Grande do Sul. No entendimento do economista, ainda não está clara extensão do impacto, da crise na indústria gaúcha, no resultado industrial nacional em 2024. “O desastre climático no Rio Grande do Sul afetou muito máquinas e equipamentos, afetou fumo, couro, de forma bastante
pronunciada” disse. “Isso interrompeu ou acelerou muitas linhas de produção ali no Rio Grande do Sul, que é um Estado importante”, disse. O Rio Grande do Sul representa 6,8% do total da indústria nacional.
Na sexta-feira (12), o IBGE informou que a indústria do Rio Grande do Sul teve, em maio, a pior queda da série histórica da Pesquisa Industrial Mensal: Produção Física – Regional (PIM Regional). Houve recuo de 26,2% em maio ante abril, na atividade industrial gaúcha. A série começou em janeiro de 2002.
Além do ranking e da análise da performance da indústria brasileira, o Iedi fez, no estudo, mapeamento da atividade industrial global no primeiro trimestre de 2024. No levantamento, é possível perceber que, enquanto a indústria brasileira mostrava expansão, o mesmo não ocorreu com o resto do mundo.
Nos primeiros três meses do ano, ante igual trimestre em 2023, ocorreram quedas nas produções industriais da América do Norte (-0,4%), América Latina e Caribe (-1,6%) e Europa (-2,1%). Essas mesmas localidades mostraram recuos de 0,1%, de 0,4% e de 1%, na comparação com quarto trimestre do ano passado.
O bom desempenho da indústria brasileira no primeiro trimestre fez com que a colocação do Brasil no ranking ficasse acima de outras economias emergentes, como México (62º) e até mesmo dos Estados Unidos (67º).
No caso da China, grande propulsor da indústria global e 17ª posição no ranking, foram apuradas altas de 4,8% ante mesmo trimestre em 2023; e de 1,3% ante quarto trimestre de 2023, na produção industrial no primeiro trimestre desse ano.