Segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de julho de 2024
A Polícia Federal apura um encontro extraoficial do ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem, com o atual diretor da agência, o delegado federal Luiz Fernando Corrêa. A reunião, que teria ocorrido dentro da Abin em junho do ano passado, foi um dos assuntos tratados no depoimento que Ramagem prestou nessa quarta-feira (17) à Polícia Federal, no Rio.
O deputado federal do PL foi chamado para depor no âmbito do inquérito que investiga monitoramento ilegal feito pela Abin para espionar autoridades e opositores durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Foi a primeira vez que Ramagem depôs sobre o caso. Na quinta-feira (11), a PF realizou mais uma operação, dessa vez mirando subordinados do parlamentar na época que comandou a Abin. Apesar de não ter sido alvo da ação, foi citado pela PF como um dos mandantes do esquema.
Ramagem chegou de carro à sede da PF no Rio por volta de 15h, com apenas um acompanhante. O deputado não falou com a imprensa. Nas mãos, segurava pasta com o brasão da República. Ele depôs por quase 7 horas na sede da Polícia Federal, no Centro do Rio, nesta quarta-feira (17). Ele chegou às 15h20min e deixou o local por volta das 22h.
De acordo com as investigações, o grupo usou sistemas de GPS para rastrear celulares sem autorização judicial. Ramagem, que era diretor da Abin neste período da gestão Bolsonaro, é apontado como o responsável por gravar uma reunião que teve o ex-presidente entre os participantes e se discutia o uso de órgãos públicos para interromper investigações contra o senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro.
Segundo aliados, Ramagem foi à PF “disposto a responder tudo, a colaborar e a esclarecer todos os fatos”. Interlocutores afirmam que o deputado defendeu o ex-presidente no depoimento, pois ele “nunca pediu nada que fosse contra as leis”.
A oitiva é vista pelo entorno de Ramagem como uma “possibilidade de explicar tudo que foi construído de forma negativa” contra Bolsonaro e seu grupo político. O deputado nega que tenha cometido qualquer tipo de monitoramento ilegal na gestão dele na Abin.
Na segunda-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo de uma gravação feita por Ramagem de uma reunião que contou com a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro, do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e com as advogadas de Flávio Bolsonaro.
Na ocasião, de acordo com as investigações, o grupo discutiu formas de usar órgãos oficiais para reverter investigação contra o senador do PL.
A reunião ocorreu no dia 25 de agosto de 2020. Na época, Flávio era investigado por suspeita de rachadinha em seu gabinete durante o mandato de deputado estadual.
Os servidores da Receita Federal levantaram movimentações do senador a partir de levantamentos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mostrando incompatibilidade com a renda dele.
Na reunião gravada, os participantes buscaram maneiras de descredibilizar essas investigações usando órgãos do governo, de acordo com a Polícia Federal. Os participantes da reunião negam que tenham cometido qualquer irregularidade.