Segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de julho de 2024
Várias pessoas próximas ao presidente dos EUA, Joe Biden, afirmaram nessa quinta-feira (18) ao jornal americano New York Times que ele começou a aceitar melhor a ideia de que pode não ser capaz de vencer as eleições em novembro, com rumores apontando que sua desistência pode ocorrer tão cedo quanto o próximo domingo (21). A decisão teria sido tomada depois de pressões de membros do Partido Democrata que veem sua candidatura como insustentável e também, segundo o jornal britânico Financial Times, da ameaça de megadoadores democratas de retirar os fundos de sua campanha.
Segundo jornalistas que cobrem a Casa Branca, Biden abriria mão da disputa contra o ex-presidente Donald Trump, mas sem renunciar ao cargo, completando o mandato em janeiro de 2025. Embora a vice-presidente Kamala Harris seja a principal cotada para substituí-lo, especula-se que, em caso de desistência, haja permissão para que outros candidatos também possam ser votados à cabeça de chapa.
Nos últimos três dias, doadores de Wall Street a Hollywood aumentaram sua pressão em integrantes-chave do Partido Democrata, incluindo o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, o o líder da minoria democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, e a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi, pedindo que persuadissem Biden a desistir. Citando fontes próximas a Barack Obama, o jornal americano Washington Post afirmou que o ex-presidente também afirmou que as chances de Biden diminuíram e que deveria considerar seriamente a viabilidade da candidatura.
Pressão dos doadores
“A pressão é intransponível”, disse ao Financial Times um democrata graduado em Washington, prevendo que Biden estaria fora “até segunda-feira”. Ainda de acordo com o jornal, outras pessoas próximas à liderança da sigla disseram que poderia ser antes. No momento, Biden está isolado em sua casa de férias em Rehoboth Beach, no estado de Delaware, recuperando-se da contaminação pelo coronavírus.
“Biden foi informado de que não há mais um dólar para arrecadação de fundos”, disse um financiador de Wall Street, citado pelo FT. “Os membros do Congresso estão ficando mais agressivos . . . Ele simplesmente não será capaz de suportar isso.”
Desde que as pressões começaram após sua participação desastrosa em um debate contra Trump há três semanas, Biden vinha repetindo que nada o faria deixar a disputa. Mas, na quarta-feira, pouco antes de ser diagnosticado com Covid-19, ele deu o primeiro sinal de reconsiderar a posição ao afirmar publicamente que poderia abandonar a corrida por motivos de saúde. Segundo um aliado ouvido pelo New York Times, “a realidade está se impondo”.
Comparação
O mais recente democrata de destaque a pedir publicamente o abandono da corrida foi o deputado Jamie Raskin, de Maryland, um membro importante do comitê da Câmara que investigou o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Uma carta enviada por ele enviou a Biden em 6 de julho, divulgada pelo The New York Times nessa quinta, comparou o presidente de 81 anos a um arremessador de beisebol cansado. “Tudo em que acreditamos está em jogo nos próximos quatro meses e meio”, escreveu Raskin.
Apesar das informações divulgadas pela imprensa americana, autoridades da Casa Branca negaram que o presidente estivesse cogitando desistir, classificando os comentários como resultado de uma campanha coordenada para aumentar a pressão sobre Biden. Embora tenham dito que o presidente leva a sério as preocupações, afirmam que não mudou de ideia e deixou claro para assessores nas últimas 24 horas que continua determinado a permanecer na disputa.
Mike Donilon, conselheiro sênior de longa data de Biden e um de seus confidentes mais leais, disse ao presidente que a corrida continua competitiva, apesar das dúvidas dos democratas e de algumas pesquisas, insistindo que ainda há um caminho para a vitória, de acordo com outros conselheiros. A família do presidente também o tem apoiado, observando sua longa história de superação.
Orgulhoso e teimoso, Biden mantém uma lista mental de todas as vezes em que foi bem-sucedido depois de ter ouvido que não conseguiria e, quanto mais é pressionado, mas tende a se manter firme em suas decisões. No entanto, as crescentes exigências para que ele se afaste agora não vêm apenas de estrategistas auxiliares ou de comentaristas da imprensa, mas de democratas que foram seus aliados mais importantes nos últimos anos. Para um presidente que sempre valorizou seus relacionamentos no Capitólio, isso é o reflexo do fundo do poço.