Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de julho de 2024
A taxa de investimento do Brasil a partir de 2024 deve se estabilizar em uma faixa entre 15% e 16% do PIB (Produto Interno Bruto) até 2029, levando o país de volta ao “top 20” das piores taxas entre cerca de 170 nações para as quais o Fundo Monetário Internacional (FMI) tem estimativas. Segundo economistas, são vários os problemas que fazem o Brasil ter uma baixa taxa de investimento.
Primeiro, a taxa de poupança doméstica do País é baixa, ou seja, “sobram” poucos recursos para investir. Isso poderia ser complementado com recursos externos, mas o Brasil pega pouco dinheiro emprestado do resto do mundo, diz Felipe Camargo, economista sênior para mercados emergentes da consultoria Oxford Economics.
Apesar do bom volume de reservas internacionais, o câmbio brasileiro também é mais depreciado do que deveria, por causa, por exemplo, da situação fiscal e da nota de crédito (rating) piores do Brasil, aponta Camargo. “Como consequência, importamos bem menos bens de capital.”
Outro fator que ajuda a explicar a baixa taxa de investimento do Brasil, segundo Camargo, é a carga tributária elevada. Se as empresas são mais taxadas e fica mais caro para elas operaram, também sobram menos recursos para as companhias realizarem investimentos privados.
Além disso, Camargo diz “desconfiar” de que o país importa menos porque o ICMS incide sobre o imposto de importação. “A base de cálculo do ICMS é péssima para quem compra navio, máquinas e equipamentos etc. de fora e traz para cá, porque além de pagar um imposto de importação elevadíssimo, ainda paga uma alíquota de ICMS em cima desse valor.” Esse problema de “imposto em cima de imposto”, pondera Camargo, pode melhorar com a reforma tributária aprovada.
Sem um ajuste fiscal mais amplo, do lado do gasto, no entanto, fica mais difícil reduzir a carga tributária geral, aponta o economista.
A sustentabilidade fiscal também é importante porque, sem ela, o temor é que uma trajetória crescente da dívida puxe as taxas de juros. “E juro alto é inimigo de investimentos”, diz Ernesto Revilla, economista-chefe para América Latina do Citi.
O quadro fiscal também faz com que o governo tenha pouca capacidade de atuação, observa Francisco Pessoa Faria, economista sênior da LCA Consultores.
“A participação do governo no PIB piorou muito nos últimos anos. É muito difícil chegar em uma taxa de investimento perto da de outros países sem uma recuperação da capacidade de investimento do Estado”, afirma. As informações são do jornal Valor Econômico.