Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de julho de 2024
A Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, anunciou que o rover Perseverance – robô que recolhe amostras de rocha e solo em busca por evidências de vida microbiana – pode ter encontrado possíveis indícios de vida antiga em Marte. Segundo a agência, o robô encontrou uma rocha em forma de flecha denominada Cheyava Falls, que pode abrigar micróbios fossilizados de bilhões de anos atrás, quando o Planeta Vermelho era um mundo aquático.
A coleta das amostras foi feita no último dia 21, quando o Perseverance perfurou a pedra enquanto atravessava o antigo vale fluvial Neretva Vallis. As amostras foram cuidadosamente armazenadas na parte inferior do rover e mais tarde retornarão à Terra para uma análise mais profunda.
No entanto, a suspeita ainda levará algum tempo para ser confirmada. A verdadeira prova chegará quando as amostras de rocha do Perseverance forem devolvidas à Terra como parte do Programa de Retorno de Amostras de Marte, uma colaboração entre a Nasa e a Agência Espacial Europeia prevista para a década de 2030.
De acordo com o cientista do projeto Ken Farley, do Caltech, há três pistas convincentes que despertaram o entusiasmo dos pesquisadores. Uma consiste em veios brancos de sulfato de cálcio que percorrem a rocha, o que revelaria que um dia fluiu água através dela.
Indícios
Outro sinal é que, entre as fendas, há uma zona central avermelhada, cheia de compostos orgânicos, conforme detectado pelo instrumento Sherloc (sigla em inglês para ‘Varredura de Ambientes Habitáveis com Raman e Luminescência para Produtos Orgânicos e Químicos’) instalado no rover.
Por fim, pequenas manchas parecidas com as de um leopardo contêm substâncias químicas que sugerem fontes de energia de micróbios antigos, segundo o resultado do scanner PIXL.
“Na Terra, esse tipo de características em rochas geralmente está associado ao registro fossilizado de micróbios que viviam no subsolo”, explicou o astrobiólogo David Flannery, membro da equipe científica do Perseverance na Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália.
Embora esses achados possam não revelar vida microscópica antiga, há uma possibilidade tentadora de que se tratem de micróbios reais fossilizados, a primeira prova de vida fora da Terra na história.
“Cientificamente, o Perseverance não tem mais nada a oferecer. Para entender completamente o que aconteceu (…) há bilhões de anos, queremos trazer a amostra de Cheyava Falls para a Terra, para poder estudá-la com os poderosos instrumentos disponíveis nos laboratórios”, completou Flannery.