Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de julho de 2024
Manifestantes contrários ao anúncio da vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais na Venezuela iniciaram na tarde dessa segunda-feira (29) um protesto na capital, Caracas. A polícia foi ao local para acompanhar a marcha. A oposição denunciou fraude no processo eleitoral e cobrou dados completos da apuração.
Em meio aos protestos, a capital do país registrou os primeiros confrontos entre policiais e manifestantes. A imprensa local mostrou imagens dos agentes lançando gás lacrimogêneo e disparando balas de borracha contra a multidão.
O ato, que ocupou o bairro de Catia, começou após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o órgão máximo eleitoral do país, ter proclamado Maduro como presidente da Venezuela. O resultado foi anunciado com apenas 80% das urnas apuradas, o que levou a questionamentos de líderes internacionais. Foram registrados panelaços na capital no momento do anúncio do CNE.
De acordo com a agência de notícias AFP, a manifestação em Caracas reuniu milhares de pessoas nos bairros populares da capital. “E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!”, gritavam, debaixo de chuva, manifestantes na gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. “Entregue o poder já!”, exclamavam outros.
Os manifestantes também queimaram cartazes de campanha com o rosto de Maduro. Eles levavam bandeiras, panelas e instrumentos de percussão para acompanhar os gritos de protesto. Foi registrado confronto com a polícia, mas até o início da noite dessa segunda não havia informações de presos ou feridos.
O Ministério Público venezuelano divulgou um comunicado nessa segunda, saudando o povo venezuelano pela demonstração de civilidade e democracia durante as eleições. Na mensagem, reconhece a vitória de Maduro e afirma que “rejeita as declarações temerárias de alguns poucos governos da América Latina que querem mandar na democracia venezuelana”.
O governo brasileiro afirmou que “acompanha com atenção o processo de apuração” e que aguarda a divulgação de informações mais detalhadas, como os “dados desagregados”, pelo CNE. O governo afirma que isso é um “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. Esses dados incluem as informações que estão nas atas, como os dados por locais de votação.
O CNE, órgão presidido por um aliado do presidente do país vizinho, informou que Nicolás Maduro venceu e foi reeleito com 51,2% dos votos, contra 44% do opositor, Edmundo González. A oposição, no entanto, afirma que González venceu com 70%.
Com a proclamação, ocorrida menos de 24 horas depois do fechamento das urnas no país, Maduro foi confirmado para mais um mandato no comando da Venezuela. Caso chegue ao fim do novo mandato, o líder venezuelano terá ficado no poder por um total de 17 anos – mais do que seu antecessor Hugo Chávez, que governou a Venezuela por 14.
O CNE proclamou a vitória do presidente também sem apresentar as atas de votação – documentos que registram o número de votos e o resultado total de cada um dos cerca de 30 mil locais de votação da Venezuela.
A oposição acusou o órgão de ocultar as atas para maquiar o resultado das eleições. O grupo opositor, que se uniu em torno da candidatura de Edmundo González, argumentou que pesquisas de boca de urna apontavam vitória de González sobre Maduro com folga.
A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado disse nessa segunda-feira (29) ter provas de que o candidato oposicionista, Edmundo González Urrutia, é o presidente eleito do país e que a ditadura Nicolás Maduro fraudou o resultado da eleição. Segundo ela, os militantes da oposição que trabalhavam como fiscais de urna conseguiram atas de quase 73% das sessões eleitorais.
Ela convocou um protesto pacífico para esta terça-feira (30) em toda Venezuela contra Maduro. As informações são do portal de notícias G1 e do jornal O Estado de S. Paulo.